Digitar uma senha enquanto se usa o Zoom pode abrir a porta para um ciberataque, revela uma pesquisa conduzida por professores da University of Surrey, no Reino Unido.
Vivaldo José Breternitz (*)
Essa pesquisa chegou à conclusão de que uma inteligência artificial pode deduzir quais teclas estão sendo pressionadas “ouvindo” o som da digitação – em um momento que as ferramentas de videoconferência, como o Zoom e os dispositivos com microfones embutidos se tornaram ubíquos, a ameaça de ciberataques baseados em sons também aumentou.
Segundo o professor Ehsan Toreini, um dos pesquisadores envolvidos, a inteligência artificial criada por eles pode identificar quais teclas estão sendo pressionadas em um laptop com mais de 90% de precisão, apenas “ouvindo” a gravação do som da digitação; segundo o professor, inteligências como essa tendem a ser aperfeiçoadas, tornando os ataques feitos com seu uso mais eficazes.
A pesquisa, publicada durante o European Symposium on Security and Privacy Workshops, promovido pelo IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers) mostrou que não apenas sons do teclado de computadores podem ser decifrados, mas também aqueles produzidos por teclas de smartphones.
Segundo a professora Maryam Mehrnezhad, da Royal Holloway University, de Londres, também envolvida com a pesquisa, há necessidade de ainda mais cuidados para prevenir ataques, como por exemplo adotando senhas biométricas quando possível e ativando sistemas de verificação em duas etapas.
Alternativamente, é uma boa ideia usar a tecla Shift para criar senhas que sejam uma mistura de letras maiúsculas e minúsculas, algarismos e símbolos, pois é difícil determinar quando o usuário deixa de pressionar essa tecla, tornando difícil a descoberta das senhas.
A cada momento, cuidados com a segurança devem se tornar maiores.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.
