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Inteligência Artificial Generativa deve aumentar o lixo eletrônico

em Tecnologia
terça-feira, 12 de novembro de 2024

Uma equipe de pesquisadores do Instituto de Meio Ambiente Urbano da Academia Chinesa de Ciências, em parceria com um colega da Universidade Reichman de Israel, realizou um estudo para estimar a quantidade de lixo eletrônico que será gerada nos próximos anos devido ao crescimento da inteligência artificial generativa (IAG).

Vivaldo José Breternitz (*)

Publicados na revista Nature Computational Science, o resultado dos estudos quantifica o impacto ambiental dos aplicativos de IAG, como o ChatGPT, Copilot e Gemini, ao considerar todos os dispositivos eletrônicos, desde placas de circuito até baterias, que são utilizados para processar esses aplicativos e que devem ser descartados ao final de sua vida útil.

A pesquisa destaca que, apesar do sucesso dos aplicativos de IAG, um aspecto frequentemente negligenciado é a infraestrutura de hardware necessária para processa-los. Esses aplicativos demandam grande quantidade de energia e são executados em centros de dados e servidores equipados com grandes e poderosos computadores.

Esses computadores tem uma vida útil limitada e, ao serem substituídos, geram um volume significativo de lixo eletrônico. O estudo buscou quantificar esse impacto ambiental nos próximos anos.

No estudo, os pesquisadores consideraram fatores como a quantidade de hardware utilizada em um centro de dados padrão, a vida útil média dos componentes e a demanda projetada para aplicativos de IAG nos próximos anos.

Utilizando um modelo computacional, eles estimaram que o uso de IAG pode gerar entre 1,2 e 5 milhões de toneladas de lixo eletrônico até o final da década – o número dependeria de que forma o processamento de IAG se desenvolveria, levando em conta intensidade de uso, restrições geopolíticas à importação de semicondutores e velocidade do desenvolvimento hardware, que poderia aumentar ou não a velocidade do processo de sua substituição.

De forma simplista, se as estimativas se confirmaram, o boom de IAG poderia gerar um volume extra de lixo eletrônico equivalente a jogar fora 13 bilhões de iPhones por ano até 2030.

Para mitigar o problema, os pesquisadores sugerem a adoção de estratégias de economia circular ao longo da cadeia de valor de IAG, o que poderia reduzir a geração do lixo eletrônico em até 86%.

Deve-se lembrar que agências da ONU divulgaram recentemente relatórios dando conta que a geração de lixo eletrônico está aumentando em todo o mundo, enquanto as taxas de reciclagem permanecem baixas e provavelmente cairão ainda mais.

Segundo esses relatórios, cerca de 62 milhões de toneladas de lixo eletrônico foram geradas em 2022. Esse número pode chegar a 82 milhões de toneladas até 2030 o que ressalta a importância de medidas como as sugeridas pelos autores do estudo.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].