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Inteligência Artificial e desemprego na Europa

em Tecnologia
terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

O crescimento da inteligência artificial segue gerando opiniões e notícias, frequentemente contraditórias, acerca do impacto dessa ferramenta sobre os empregos.

Vivaldo José Breternitz (*)

Agora quem publicou um novo estudo sobre o assunto foram os Centres for European Policy (CEP), instituições que tem por objetivo, ao fazer o interface entre ciência, política e o público, consolidar no âmbito da União Europeia a liberdade e o ambiente de economia de mercado, reduzindo as regulações e a burocracia ao mínimo necessário.

Nesse estudo, os CEP, que tem sedes em Berlim, Paris e Roma, dizem que cerca de 20 milhões de trabalhadores da UE deverão tomar precauções, pois poderão perder seus empregos em breve, tendo em vista a velocidade de desenvolvimento da inteligência artificial.

O estudo afirma que os mais ameaçados são os trabalhadores mais qualificados, ao contrário do que aconteceu anteriormente por ocasião da implementação de outros avanços tecnológicos, quando trabalhadores menos qualificados eram substituídos por tecnologia e os mais qualificados tinham sua produtividade aumentada pelo uso das mesmas.

Agora, segundo o estudo, a inteligência artificial generativa destruirá irreversivelmente perfis profissionais inteiros, havendo a expectativa de que aproximadamente um em cada dez trabalhadores na UE será diretamente afetado até o final desta década.
O conjunto de atingidos irá de gerentes e consultores a advogados e profissionais de marketing, afirma o especialista em assuntos digitais do CEP de Berlim, Anselm Küsters, autor do estudo em conjunto com a especialista da sede de Roma do CEP, Eleonora Poli.

Para evitar grandes impactos na sociedade, muitos vem propondo a criação de um “imposto sobre robôs e inteligência artificial”, que geraria recursos para atendimento dos desempregados.

Já Küsters e Poli, sugerem que para prevenir grandes impactos no mercado de trabalho e construir resiliência social, é melhor adaptar os sistemas de seguridade social e propõem uma nova conceitualização da ideia de renda básica, ou seja, uma medida coletiva de compartilhamento de riscos que, ao contrário do “imposto sobre robôs e inteligência artificial”, traz menos distorções do ponto de vista econômico.

Como dissemos anteriormente, as opiniões sobre o assunto são contraditórias, ainda não sendo possível ter certeza de que rumo o mesmo tomará. Uma coisa, porém, é certa: profissionais, empresários, governos, professores e estudantes devem acompanhar o tema de perto.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].