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Índia restringe a importação de eletrônicos

em Tecnologia
quarta-feira, 09 de agosto de 2023

Com uma medida que causa arrepios a muitos economistas, o governo da Índia acaba de restringir a importação de laptops, servidores e outros dispositivos eletrônicos de consumo, como parte de um movimento que tem como objetivo impulsionar a fabricação local.

Vivaldo José Breternitz (*)

Esses equipamentos somente poderão ser importados mediante licença. A medida é semelhante à que proibiu a importação de aparelhos de TV, tomada há três anos com o mesmo objetivo.

A Índia tem oferecido incentivos às empresas na tentativa de estimular a produção local, o que atraiu uma série de fabricantes de smartphones e agora está despertando o interesse de fabricantes de chips e semicondutores.

Em maio, o governo do país anunciou um programa de US$ 2 bilhões destinado a apoiar empresas que fabriquem hardware localmente, especialmente laptops, PCs, servidores e kits de computação de borda, fundamentais à implementação de aplicações de internet das coisas. O programa é uma atualização de programa anterior, pelo qual o governo estava disposto a investir cerca de US$ 900 milhões.

Dell e HP estão entre as empresas que já possuem instalações industriais; o governo local está trabalhando para atrair a Apple e seus parceiros, que tem emitido sinais no sentido que pretendem deixar a China.

De acordo com os dados do governo, o valor das importações de equipamentos eletrônicos pela Índia cresceu cerca de 32%, chegando a US$ 43 bilhões em 2021-2022, em comparação com US$ 32 bilhões em 2019-2020.

A empresa de pesquisa de mercado, Counterpoint, que tem sede em Hong Kong, estima que cerca de 35% dos laptops e 30% dos tablets vendidos na Índia durante o primeiro semestre de 2023 foram fabricados localmente – com as medidas ora anunciadas, o governo do país espera que esses números subam e que o valor das importações caia.

Não seria oportuno que o Brasil pensasse em algumas medidas semelhantes?

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.