A Hyundai acaba de lançar o Ioniq 5, seu primeiro carro elétrico, e aparentemente está começando a deixar os motores a explosão para trás.
Vivaldo José Breternitz (*)
Chega-se a essa conclusão pelo fato de a empresa ter fechado em dezembro a unidade de projeto de motores de seu centro de pesquisa, uma estrutura que conta com 12 mil pesquisadores.
Permanecerão na unidade alguns técnicos que trabalharão no refinamento dos motores existentes, mas os demais passarão a trabalhar em projetos ligados aos veículos elétricos.
As instalações da unidade também estão sendo convertidas, devendo voltar-se para os elétricos, inclusive trabalhando em projetos ligados a baterias e chips, elementos cada vez mais importantes para esses veículos em futuro próximo.
A estratégia faz sentido, inclusive levando-se em conta a proibição, pelo governo sul coreano, da venda de veículos com motores a combustão a partir de 2035. Assim, não seria lógico projetar novos motores que permaneceriam no mercado por muito pouco tempo.
Parece ser claro que empresa expandirá significativamente sua linha de veículos elétricos, inclusive começando a pensar também em veículos autônomos. Os planos da Hyundai preveem a venda de 1,7 milhões de elétricos em 2026.
Para a indústria brasileira, o advento dos elétricos pode ser uma grande oportunidade ou um grande risco, caso as montadoras decidam não investir no desenvolvimento e fabricação desse tipo de veículo em nosso país.
Para complicar o raciocínio acerca do tema, deve-se levar em consideração nossa grande produção de etanol, que poderia facilitar o uso de veículos com motores a explosão e híbridos. Se os totalmente elétricos vingarem por aqui, também nosso agronegócio sofrerá um grande impacto.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo e consultor de empresas.