O número de ofertas de trabalho totalmente remotas vem diminuindo cada vez mais nos Estados Unidos, inclusive no setor de tecnologia da informação, onde essa modalidade tradicionalmente é comum.
Vivaldo José Breternitz (*)
Pesquisas do Linkedin apontam que 29% dos profissionais americanos preferem trabalhar de forma totalmente remota, número esse que vem aumentando. No entanto, em dezembro de 2023 apenas 10% das vagas oferecidas eram para trabalho remoto e essas vagas receberam 46% de todas as candidaturas.
Diferentes tipos de emprego têm diferentes níveis de adesão e demanda quando se trata de trabalho remoto: 41% dos desenvolvedores de software, por exemplo, trabalham de forma totalmente remota, segundo a pesquisa Stack Overflow Developer Survey de 2023; já na área de serviços financeiros, esse número cai para 15%.
É clara a tendência no sentido da volta ao trabalho presencial, deixando para trás o nível recorde de home office ocorrido durante a pandemia: já em 2021, 14% das empresas que compõem o índice Fortune 100 determinaram retorno aos escritórios. Em 2023, a Amazon, uma forte apoiadora do trabalho remoto durante a crise da Covid-19, disse a seus funcionários que poderiam perder o emprego se não estivessem nos escritórios ao menos três vezes por semana.
Mais recentemente, a Dell anunciou uma política de retorno ao escritório que proíbe a promoção de funcionários que trabalham de forma totalmente remota. Apesar disso, dados de julho mostram que quase 50% de sua força de trabalho em tempo integral nos Estados Unidos e um terço dos seus funcionários internacionais continuaram trabalhando remotamente.
Muitas empresas tem procurado chegar a soluções intermediárias, passando a permitir o que vem sendo chamado “trabalho híbrido estruturado”, em que os funcionários alternam o trabalho em casa e no escritório, mas em horários pré-estabelecidos. Essa modalidade pretende promover as vantagens do trabalho presencial, como a integração de equipes e colaboração, ao mesmo tempo em que evita deslocamentos, talvez o maior problema dos funcionários.
De qualquer forma, esse parece ser um cenário que ainda deve sofrer mudanças, especialmente se avanços da tecnologia ou crises afetarem o mercado de trabalho.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].