Vivaldo José Breternitz (*)
Boa parte dos novos veículos estão saindo de fábrica com chaves eletrônicas, que permitem travar e destravar as portas com um simples toque.
Essas chaves, conhecidas como key fobs, permitem que o motor seja acionado apenas tocando-se um botão no painel.
Ao que parece, ladrões podem hackear essas chaves, mesmo a uma certa distância; isso feito, conseguem abrir as portas do carro e rouba-lo tranquilamente, apenas acionando o botão de partida. É algo similar ao que pode ser feito com cartões de crédito de aproximação, que, ao menos em tese, também podem ser hackeados.
Recentemente, na Inglaterra foi roubado um Lexus que valia cerca de R$ 300 mil; a vítima foi a esposa do presidente da The Automobile Association, uma entidade que reúne proprietários de veículos do Reino Unido.
Edmund King, presidente da entidade, disse estar muito preocupado com o assunto: antes do roubo do carro, já usava uma bolsa Faraday para guardar a chave eletrônica de seu veículo – uma bolsa Faraday é basicamente uma bolsa de tecido revestida de malha metálica que bloqueia ondas eletromagnéticas e impede que a chave seja hackeada; recebe esse nome em homenagem ao cientista Michael Faraday, que no século XIX estudou essas ondas.
Agora, King blinda suas chaves, guardando a bolsa que as contém dentro de uma caixa metálica colocada no interior de um forno de micro-ondas, que fica nos fundos de sua casa. Como medida adicional, usa uma trava de volante tradicional.
King acha que sua esposa foi hackeada quando estacionou defronte à sua casa à tarde, tendo os ladrões voltado durante a noite para roubar o Lexus, o que só foi percebido na manhã seguinte, quando, segundo King, o carro provavelmente já estava em um contêiner com as placas trocadas ao sair do país.
O roubo de carros tem subido muito na área de Londres, e muitos deles são os que possuem chaves eletrônicas hackeadas. Até agora, a maioria dos carros que usa essa tecnologia é de marcas de luxo, como Land Rover, Lexus e Mercedes, especialmente atraentes para os ladrões.
King está propondo que os fabricantes deem aos motoristas a opção de desativar as chaves eletrônicas, que em sua opinião têm pouca utilidade e aumentam a vulnerabilidade.
À medida em que a tecnologia se sofistica, os criminosos também o fazem. Por via das dúvidas, aqui no Brasil já é possível comprar bolsas Faraday por preços ao redor de cem reais.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.
