O governo alemão nomeou uma comissão de especialistas para estudar medidas para minorar os problemas causados pela elevação dos custos de energia decorrentes da suspensão da venda de gás ao país, decretada pela Rússia.
Vivaldo José Breternitz (*)
Essa comissão, composta por 20 representantes da indústria, sindicatos e academia, recomendou que o governo pague as contas de gás do mês de dezembro para todas as residências e pequenas e médias empresas.
A partir de janeiro, propõe um esquema de subsídio parcial projetado para amenizar as despesas dos consumidores e incentivar a economia de energia. Esse esquema ficaria em vigor até abril de 2024.
A professora Veronika Grimm, famosa especialista na área de economia e presidente da comissão, disse que os preços subsidiados dariam às pessoas e empresas tempo para se prepararem para um “novo normal”, em que os custos de energia permaneceriam em patamares altos – a Professora acredita que a Alemanha não receberá gás russo por muito tempo.
Apesar dessas declarações, vale registrar que, apesar de as importações europeias de combustíveis fósseis da Rússia terem caído cerca de 50% desde o início da guerra, elas chegaram a mais de 100 bilhões de euros nesse período.
Embora os subsídios possam trazer mais apoio ao governo, há temores de que eles possam desincentivar os consumidores a economizar gás, cujo consumo, na primeira semana de outubro, aumentou em relação ao do mesmo período do ano anterior.
Outros governos da União Europeia, talvez com menos capacidade financeira que o da Alemanha, acusam esse país de prejudicar a região como um todo ao subsidiar suas empresas, pois elas ficariam em melhores condições para competir com os demais.
Se uma comissão como essa tivesse sido estabelecida aqui para definir estratégias para combater a pandemia, e os resultados tivessem sido bons, parafraseando o antigo técnico de futebol Oto Glória, nosso governo poderia ter dito “eu venci”; se os resultados tivessem sido ruins, poderia ter dito “eles perderam” …
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.