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Google está utilizando energia geotérmica

em Tecnologia
segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Energia geotérmica ou geotermal é a derivada do calor interno de nosso planeta, que pode ser considerada uma energia limpa e renovável, disponível de maneira constante na natureza.

Vivaldo José Breternitz (*)

O Google informa que energia geotérmica está agora gerando a eletricidade necessária ao funcionamento de seus data centers no estado americano de Nevada. Esse é mais um passo da empresa rumo ao objetivo de alimentar totalmente seus centros de dados e escritórios com eletricidade livre de carbono (carbon-free electricity – CFE) até 2030.

O Google se uniu à startup Fervo Energy em 2021 para desenvolver projetos na área de energia geotérmica que podem operar continuamente, ao contrário de outras fontes de CFE, como solar e eólica; a geração de energia solar, por exemplo, só é possível durante o dia.

Se maneira simples, obtém-se energia geotérmica injetando-se água fria em poço profundo o suficiente para atingir rochas muito quentes, transformando a água em vapor que volta à superfície e aí aciona turbinas que geram energia elétrica, sem grandes prejuízos ao meio ambiente. No caso do Google, a Fervo perfurou um poço com cerca de 2,5 quilômetros de profundidade.

O Google diz que está trabalhando para acelerar a adoção de fontes de energia limpa, tendo para isso se unido ao Project InnerSpace, uma organização sem fins lucrativos focada em remover barreiras que limitam o desenvolvimento global da energia geotérmica.

Enquanto isso, a Fervo está construindo instalações em Utah que devem fornecer 400 megawatts de CFE, o suficiente para alimentar até 300 mil residências. A empresa diz que essa planta começará a fornecer energia em 2026 e passará a operar com capacidade total dois anos depois.

Segundo estudos do Departamento de Energia dos Estados Unidos, tornado públicos em 2019, em 2050 seria possível gerar energia geotérmica suficiente para atender cerca de 16% por cento das necessidades de eletricidade dos Estados Unidos.

Já a MIT Technology Review diz que se os Estados Unidos conseguirem capturar 2% da energia geotérmica disponível entre duas e seis milhas de profundidade em todo o seu território, conseguiriam obter mais de duas mil vezes a energia que o país consome.

Já no Brasil, ainda não há notícias sobre projetos nessa área, principalmente porque nosso subsolo não é muito quente e pela necessidade de financiamento e investimento em tecnologia e recursos humanos.

Deve-se registrar que alguns cientistas se preocupam com a quantidade de poços profundos que venham a ser perfurados, o que poderia gerar poluição do lençol freático e até mesmo instabilidades no terreno – em termos práticos, pequenos terremotos ou afundamentos como os que estão acontecendo em Maceió.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.