As principais cadeias de fast food dos Estados Unidos, como Starbucks, Domino’s e Chipotle, estão implantando novas tecnologias para automatizar a produção, reduzir os custos, especialmente os trabalhistas, e aumentar as margens de lucro.
Vivaldo José Breternitz (*)
A Starbucks anunciou que planeja implantar um novo tipo de máquina de café, o Siren System, em 10% de suas lojas a partir do próximo ano. Segundo a empresa, os baristas que utilizarem a máquina poderão preparar uma bebida em menos tempo e de maneira mais simples, por exemplo preparando um frappuccino em 36 segundos, ao invés dos 87 hoje necessários.
Diante da escassez de mão de obra para a área que acontece naquele país (e também no Brasil), as cadeias passaram a investir em tecnologia. A incorporação de ferramentas de automação nas cadeias de restaurantes pode reduzir os tempos de espera, melhorar o atendimento aos consumidores e aumentar as vendas, como dizem executivos do setor; a diretora financeira da Starbucks, Rachel Ruggeri, disse que, com mais automação, a empresa prevê “um ambiente de produção mais estável, o que ajudará a impulsionar a expansão das margens”.
Aproximadamente 58% dos operadores de restaurantes americanos afirmaram que o uso de automação e tecnologia para lidar com a escassez de mão de obra será cada vez mais comum, de acordo com um relatório da Associação Nacional de Restaurantes, divulgado em fevereiro.
“A maioria dos consumidores espera que sua pizzaria e sua cafeteria favoritas lembrem do último pedido, saibam qual cartão de crédito que usam e facilitem e agilizem o atendimento ao pedido”, disse Aaron Nilsson, executivo da Jet Pizza, uma cadeia com sede em Michigan que acabou de lançar um bot baseado em inteligência artificial, para receber pedidos por telefone. “A sociedade avançou e espera a automação, até mesmo do pequeno operador”, disse Nilsson.
Em julho, a Chipotle apresentou o protótipo de um robô que corta e descasca abacates para reduzir o tempo de sua preparação em 50%. A cadeia também lançou uma grelha automática de dupla face, que prepara alimentos 70% mais rapidamente que as convencionais operadas por funcionários.
Já a Domino’s, implementou vários projetos de automação nos últimos anos. Em 2021, lançou um carro robô de entrega de pizzas em algumas lojas de Houston. No ano passado, anunciou um dispositivo automatizado para preparação de pizzas, desenvolvido em parceria com a Picnic Works, uma empresa de automação de restaurantes com sede em Seattle.
A Domino’s também criou um centro automatizado para a preparação de massa para suas pizzas; o centro, inaugurado em março, atenderá às lojas de Indiana, Illinois, Michigan e Wisconsin.
Todo esse processo reduzirá mão de obra em números absolutos, porém criará empregos para pessoas um pouco mais qualificadas, que serão responsáveis pela operação desses equipamentos – é mais um alerta no sentido de que pessoas muito pouco qualificadas terão cada vez mais dificuldades para se empregarem.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.
