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Executivos não acreditam no metaverso

em Tecnologia
terça-feira, 17 de maio de 2022

Muitos proeminentes executivos de tecnologia têm feito afirmações contestando a viabilidade ou a utilidade do metaverso.

Vivaldo José Breternitz (*)

A esse grupo junta-se agora Tony Fadell, a quem não faltam credenciais para falar a respeito do assunto: liderou a equipe de design do iPod e também é considerado um dos criadores do iPhone. Após deixar a Apple, fundou a Nest, que vendeu para o Google por US$ 3,2 bilhões.

Falando à Wired a respeito de seu novo livro, “An Unorthodox Guide to Making Things Worth Making”, Fadell foi questionado acerca de críticas que teria feito às tecnologias de realidade aumentada e realidade virtual. Disse que em sua opinião existem usos válidos para essas ferramentas, mas que elas devem ser focadas em tarefas específicas, úteis – embora não tenha mencionado o Google, ficou implícito que os óculos para tradução em que essa empresa está trabalhando são um bom exemplo dessa utilidade.

Com relação ao metaverso, foi cético, afirmando que o mesmo é “uma solução em busca de um problema” e que acredita que a interação pessoal não pode ser superada por qualquer tipo de interação virtual, que é o objetivo do metaverso.

Levanta também outros tipos de problemas, lembrando que há outras prioridades no ambiente das redes sociais, e que em função da escassez de cérebros, recursos financeiros e tempo, investimentos no metaverso são um desperdício, uma tentativa de resolver problemas que não temos.

Falando também à CNET reiterou não haver razões para criar uma nova plataforma social quando as atuais são tão imperfeitas, especialmente em termos de moderação de conteúdo, problema que só tende a se agravar com uma eventual chegada do metaverso.

Mas Fadell não está sozinho: o ex-presidente da Nintendo, Reggie Fils-Aimé, diz acreditar que os esforços para criação do metaverso não serão bem sucedidos, especialmente porque, em sua opinião, a Meta não é inovadora o suficiente para isso, pois depende das ideias de terceiros para ter sucesso, lembrando as aquisições do Instagram, WhatsApp e Oculus. O criador do PlayStation, Ken Kutaragi, concorda com Fadell: disse à Bloomberg não ver sentido na criação do metaverso.

Para concluir, correm rumores no mercado dando conta que a Apple também não gosta da ideia, e que seus próximos lançamentos não serão “amigáveis ao metaverso” o que é um golpe nas pretensões da Meta; para que o metaverso realmente se torne realidade, é fundamental a compatibilidade entre as grandes plataformas.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de IoT.