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Estados Unidos buscam autossuficiência em chips

em Tecnologia
segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Em função do aumento das tensões com a China, o governo americano vem desenvolvendo grandes esforços na busca de autossuficiência na produção de chips.

Vivaldo José Breternitz (*)

A ideia é reduzir a dependência dos chips importados do Leste Asiático, particularmente de Taiwan, que pode vir a ser invadido pela China.

Dentre esses esforços destacam-se os financiamentos subsidiados que pretende conceder: a Intel é a principal candidata a receber bilhões de dólares a esse título, especialmente para a produção de chips sofisticados destinados a fins militares.

O financiamento à Intel seria parte dos US$ 52,7 bilhões reservados para esse fim pelo chamado Chips Act, sancionado pelo presidente Biden em agosto de 2022. Essa legislação, que teve apoio praticamente unânime do Congresso americano, visa auxiliar as empresas americanas a competir com a China no desenvolvimento de tecnologias de ponta.

Comenta-se que o financiamento à Intel ficaria entre três e quatro bilhões de dólares, e que o assunto estaria sendo discutido entre a empresa e órgãos do governo americano; diz-se também que os primeiros projetos aprovados serão anunciados nas próximas semanas. Sabe-se que mais de 500 empresas manifestaram interesse pelos financiamentos e que cerca de 130 apresentaram candidaturas ou pré-candidaturas.

A Intel e órgãos do governo não se manifestaram sobre o assunto, mas outros fabricantes de chips e alguns congressistas expressaram preocupações acerca dos valores a serem destinados à empresa, afirmando que quaisquer grandes subsídios concedidos à Intel significariam menos financiamento disponível para outras empresas.

A Taiwan Semiconductor Manufacturing, a maior fabricante de chips do mundo, também manifestou preocupações acerca do assunto, tendo buscado garantias do governo americano acerca do recebimento de financiamentos subsidiados para a fábrica de US$ 40 bilhões que planeja construir no Arizona.
Enquanto isso, aqui no Brasil discutimos o decreto que impediu a extinção do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A., a Ceitec, que fabrica apenas chips extremamente simples, os chamados “chips do boi”, por serem utilizados para o controle de rebanhos.

A estatal, que havia sido fechada pelo então presidente Jair Bolsonaro por ser deficitária desde sua criação, já planeja contratar servidores e estima um prazo de até sete anos para se tornar independente de recursos do governo.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.