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Escândalo: falsificador de hardware condenado

em Tecnologia
quarta-feira, 08 de maio de 2024

Os envolvidos com tecnologia de sistemas e comunicações tem mais um motivo de preocupação: falsificação de hardware.

Vivaldo José Breternitz (*)

O assunto chegou à grande imprensa quando o turco Onur “Ron” Aksoy foi condenado pela justiça americana a seis anos de prisão por chefiar uma quadrilha que vendia equipamentos de rede Cisco falsificados. Além da prisão, Aksoy foi condenado a pagar US$ 100 milhões à Cisco e a outras vítimas de seus negócios fraudulentos, apesar de as autoridades estimarem que a organização criminosa tenha vendido cerca de 1,1 bilhão de dólares.

Aksoy controlava 19 empresas virtuais, reunidas em uma corporação guarda-chuva chamada Pro Network Entities. A quadrilha vendeu equipamentos de rede falsificados por meio de sites como eBay e Amazon de 2013 a 2022, sendo que entre seus clientes estavam o Exército, a Marinha e a Força Aérea americana, além de outras agências governamentais, escolas, hospitais e empresas privadas.

A qualidade dos equipamentos vendidos era inferior, com performance ruim, às vezes simplesmente não funcionando. Segundo o Departamento de Justiça americano, a quadrilha trazia os equipamentos que vendia da China, o principal fornecedor mundial de eletrônicos falsificados.

Inicialmente, a Pro Network obtinha equipamentos rejeitados pelo controle de qualidade da Cisco, fazia alguns ajustes nos mesmos, instalava neles software pirateado, e os rotulava como “recondicionados”, vendendo-os com documentação falsificada. Depois, passou a fazer aquisições no mercado chinês e usava as mesmas técnicas para dar um ar legítimo ao material que vendia.

Em 2014 a Cisco e a polícia tomaram conhecimento da atividade suspeita e as autoridades alfandegárias começaram apreender remessas destinadas ao golpista; até 2022 aconteceram cerca de 180 apreensões; nesse mesmo ano, Aksoy foi preso e em seu poder foram encontrados mais 1.157 equipamento falsos, avaliados em US$ 7 milhões.

É difícil acreditar que instituições como as forças armadas e órgãos do governo americano, que em tese deveriam ter controles rígidos, tenham sido vítimas de uma fraude desse porte, o que tornam legítimas as suspeitas de que alguns de seus membros tenham sido cúmplices.

Quanto às organizações privadas, que compravam produtos com descontos de até 94% em relação aos preços sugeridos pela Cisco, vale o mesmo raciocínio, além da lembrança do célebre dito “nasce um idiota a cada minuto”, atribuído ao empresário do ramo circense P. T. Barnum.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].