A educação é o futuro do Brasil. Se você já quis, em algum momento, se aprofundar em temas relacionados a ela, muito provavelmente deve ter esbarrado nessa frase.
Daniela Lopes (*)
Mais do que nunca, é preciso dedicar uma atenção especial para compreender o real significado dessa afirmação, e principalmente ao fato de como ele se aplica na hora de pensar em políticas de incentivo à educação no nosso país.
Como um país em desenvolvimento, o Brasil possui ainda muitos jovens que deixam de frequentar a escola por questões relacionadas à vulnerabilidade social de suas famílias. Nesse sentido, garantir o acesso à educação é bem complicado, pois muitos deles acabam desistindo de estudar para trabalhar e assegurar o sustento dos seus lares. Por isso, é importante que as políticas de inclusão escolar estejam diretamente integradas com ações sociais, como a assistência social e o combate à pobreza.
Mas, isso ainda está evoluindo lentamente. A verdade é que o panorama da educação da forma como está hoje, não sugere um futuro muito otimista. A pandemia do Covid-19 agravou essa situação, pois acabou acarretando outras prioridades mais urgentes, como a saúde, deixando a educação em um plano ainda mais distante do qual ela já se encontrava anteriormente.
Isso tudo gerou um sentimento de insegurança nos jovens sobre ampliar seus estudos. Podemos confirmar isso pelo número de inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que, em 2021, registrou o índice mais baixo dos últimos 16 anos, 3,1 milhões de inscritos. Realidade bem diferente da que foi registrada em 2014, quando o mesmo exame chegou a ter 8,7 milhões de inscritos.
Em contrapartida, sabemos que, apesar de o país viver momentos de incerteza, principalmente com relação à economia, o conhecimento é sempre um diferencial que pesa na hora de contratar um profissional. Uma pesquisa intitulada “Você no Mercado de Trabalho”, realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que quanto melhor qualificado é o profissional, ele pode conquistar um aumento médio de 15% em seu salário e ter cerca de 4% a mais de chances de ocupar uma nova função no mercado.
Desse modo, é imprescindível que a sociedade, as empresas e o Governo se dediquem a encontrar soluções que possam ajudar a viabilizar e a acelerar essa qualificação. Uma alternativa que vem ganhando cada vez mais espaço nesse sentido são os cursos técnicos. Segundo o último censo do IBGE, em 2019, o país registrou 9,3 milhões de estudantes no ensino médio, dos quais 7,1% frequentavam curso técnico. Essa modalidade de ensino também tem atraído a atenção de pessoas que já concluíram o ensino médio (5,2%), e que buscam melhores oportunidades.
Esse tipo de especialização tem conquistado quem deseja se profissionalizar, atualizar seus conhecimentos, conseguir o tão sonhado primeiro emprego ou até mesmo mudar de carreira, mas que não podem investir o mesmo tempo e dinheiro que geralmente outras capacitações demandam. E as empresas também têm valorizado e visto com bons olhos os cursos técnicos, já que enfrentam, cada vez mais, a falta de mão de obra qualificada e a dificuldade de contratar rapidamente para crescer de forma acelerada e se tornarem mais competitivas.
Para atender a essa demanda que se mostra cada vez mais crescente, muitas empresas ligadas ao ensino têm apostado em oferecer opções de pagamento flexíveis aos seus alunos, dando a eles a oportunidade de se capacitar e pagar pelo estudo aos poucos ou ainda somente quando conseguem um trabalho. Um dos modelos de financiamento estudantil que tem ganhado espaço é o ISA (Income Share Agreement), que possibilita aos alunos primeiro aprender, e só pagar o curso quando tiver retorno financeiro da profissão escolhida, proporcionando o acesso à educação para todos.
As oportunidades existem e estão à nossa frente. Com a ajuda de todos e se cada um fizer a sua parte, podemos batalhar para construir juntos uma educação melhor aos brasileiros, ajudando a ressignificar a vida de muita gente, democratizando e promovendo a transformação de carreiras, para conquistar um futuro melhor para todos nós.
(*) É CEO e Fundadora da Blue EdTech.