Foram observadas estruturas metálicas montadas no topo de tanques israelenses Merkava estacionados nas proximidades da Faixa Gaza.
Vivaldo José Breternitz (*)
Estruturas similares foram vistas recentemente em tanques russos atuando na Ucrânia – elas vêm sendo chamadas “cope cages”, expressão que pode ser traduzida como “gaiolas” e aparentemente destinam-se a proteger esses tanques contra ataques de drones suicidas – a foto mostra um T-72 dotado de cope cage.
Os drones mudaram a forma como as guerras são travadas, não apenas os drones projetados para fins militares, como os Reaper americano e o Bayraktar turco, que custam milhões de dólares por unidade, mas também os drones construídos para uso comercial ou recreativo, muitíssimo mais baratos, mas que podem ser adaptados para lançarem-se, carregados de explosivos, sobre o topo de um tanque, com grandes possibilidades de ao menos paralisarem o blindado.
O Estado Islâmico foi um dos pioneiros no usar drones baratos para fins militares e foi copiado por inúmeras forças, inclusive o exército ucraniano. O Hamas iniciou seus recentes ataques contra Israel usando drones desse tipo para atacar torres de comunicações ao longo da fronteira Israel-Gaza.
O termo “cope cage” se popularizou quando fotos e vídeos começaram mostrar tanques russos usando esses dispositivos já nos primeiros dias invasão na Ucrânia, embora eles tivessem sido utilizados pela primeira vez em 2020 no conflito de Nagorno-Karabakh, envolvendo Armênia e Azerbaijão. Inicialmente, o termo tinha um sentido pejorativo, mas desde então vários exércitos vem adotando essas estruturas para proteção de seus blindados.
Apesar dos diversos sistemas de defesa dos quais são dotados os tanques modernos, um fator novo como os drones podem tornar esses sistemas pouco eficazes. O uso das “cope cages” pode gerar algumas dificuldades, como por exemplo, para o embarque e desembarque da tripulação pela torre do tanque – os Merkava não tem esse problema, pois dispõem de uma escotilha traseira.
As gaiolas são uma improvisação, não são uma boa solução no longo prazo, razão pela qual deve-se acreditar que os atuais sistemas de proteção de blindados devem sofrer melhorias nos próximos tempos.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.