A partir de maio, os funcionários da Dell que trabalham totalmente na modalidade WFO (work from home ou home office) deixarão de ser elegíveis para promoção.
Vivaldo José Breternitz (*)
É uma mudança radical de postura, especialmente se lembramos que o WFO começou na Dell há mais de 10 anos; já antes do início da pandemia, 65% dos funcionários da empresa trabalhavam remotamente pelo menos 1 dia por semana.
Os funcionários que não trabalharão de forma totalmente presencial serão divididos em dois grupos: os “híbridos”, que precisarão ir ao escritório pelo menos 39 dias por trimestre, o que equivale a aproximadamente três vezes por semana, e os “remotos”, que trabalharão totalmente na modalidade WFO, mas que deixarão de ser elegíveis para promoção ou mudança de cargo.
Questionada, a Dell disse ao portal Ars Technica que “acreditamos que as conexões presenciais… são críticas para impulsionar a inovação e a criação de valor”.
A implantação da nova política segue-se à demissão de cerca de 6.650 trabalhadores, cerca de 5% dos funcionários, acontecida em de fevereiro de 2023.
Há rumores dando conta que a nova política é uma tentativa de fazer com que funcionários deixem a empresa voluntariamente, deixando a Dell de incorrer em custos de indenização por demissão.
No momento em que muitas empresas estão tomando providências similares às da Dell, veio a público um estudo da University of Pittsburgh envolvendo algumas grandes empresas americanas, membros do grupo S&P 500, dando conta que as pressões para volta aos escritórios prejudicam o moral dos funcionários e não ajudam a melhorar as finanças das empresas.
No Brasil, segundo números do IBGE, no final de 2022, 15,6% dos empregados trabalhavam na modalidade WFO, dois terços dos quais de forma parcial, em casa em torno de três dias por semana.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].