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Constelações de satélites e a guerra

em Tecnologia
segunda-feira, 24 de julho de 2023

O United States Space Command é o braço das forças armadas daquele país responsável pelas operações militares no espaço exterior.

Vivaldo José Breternitz (*)

Seu comandante, o general James H. Dickinson, afirmou recentemente que mega constelações de satélites, como a Starlink da SpaceX, vem desempenhando um papel importante na luta da Ucrânia contra a invasão russa.

Segundo o General, é a primeira vez que se pode confirmar que uma mega constelação pode proporcionar resiliência e redundância significativas em termos da manutenção das comunicações por satélite funcionando durante um conflito.

Dickinson afirmou que a Starlink tem sido usada com sucesso pelas forças ucranianas para comunicações e para rastreamento de movimentos de tropas e tanques russos; além disso, constelações como essa, por serem compostas por milhares de satélites, são mais difíceis de serem neutralizadas por um ataque in imigo.

Em outubro passado, um funcionário do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Konstantin Vorontsov, disse que o uso de satélites comerciais ocidentais pela Ucrânia estabelecia “uma tendência extremamente perigosa”; segundo Vorontsov, o uso de satélites civis para fins militares os torna alvos.

Quando perguntado como o Space Command responderia a um ataque a um satélite comercial americano feito por um país estrangeiro, Dickinson deu uma resposta evasiva, dando a entender que apenas o presidente do país poderia tomar decisões a respeito.

Segundo Dickinson, o Space Command trabalha com 133 empresas privadas que atuam na área espacial, desempenhando várias funções, desde comunicações por satélite até aquilo que o pessoal da área chama de “space domain awareness”, que pode ser definido como o monitoramento de objetos em órbita da Terra, e que essas parcerias têm se mostrado eficazes em aprimorar as capacidades militares americanas.

No entanto, o aumento da dependência de empresas comerciais – que têm suas próprias prioridades – pode afetar a capacidade do Space Command cumprir suas missões. Diante dessa afirmação, o General disse que há a busca por um equilíbrio entre o que é estritamente militar e o que pode ser considerado como serviço a ser prestado por empresas.

Dickinson reconheceu que as forças armadas americanas já dependem bastante de serviços comerciais em outras áreas, como para o transporte marítimo e para o deslocamento de tropas com o uso de aeronaves civis – isso já acontece com frequência desde a época da guerra do Vietnã.

Ainda assim, ele admitiu que o espaço é um domínio relativamente novo, e ainda está sendo definido até que ponto o Space Command dependerá de serviços comerciais para executar suas missões.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.