A Amazon lançou uma nova operação de comércio eletrônico: uma plataforma chamada Haul, que venderá produtos com o preço máximo de US$ 20.
Vivaldo José Breternitz (*)
Segundo a empresa, a maioria dos produtos custará menos que US$ 10, mas que por enquanto, as entregas serão feitas em até duas semanas, um prazo longo para os padrões da empresa.
É uma tentativa de competir com varejistas que praticam preços muito baixos, como Temu e Shein – por enquanto, a Haul atenderá apenas clientes dos Estados Unidos.
Temu e Shein tem crescido muito rapidamente nos últimos anos, mas enfrentam críticas por serem ambientalmente irresponsáveis – a fabricação de seus produtos, muito baratos e praticamente descartáveis, acaba aumentando o consumo de recursos naturais; esse tipo de crítica agora pode ser estendido à Amazon.
Quem colocou essas críticas foi Sucharita Kodali, analista de varejo da Forrester, empresa de consultoria e pesquisas na área de tecnologia, que disse também que reguladores em todo o mundo estão mostrando cada vez mais preocupação com a ascensão de plataformas que vendem produtos produzidos em massa a preços muito baixos.
Há também problemas de outro tipo: a Comissão Europeia está movendo, desde outubro, uma ação contra a Temu, pelo fato de a plataforma não impedir a venda de produtos ilegais.
Na própria Ásia essas plataformas vêm enfrentando problemas: a Indonésia proibiu as operações da Temu no país, visando proteger os pequenos comerciantes locais. Já o governo do Vietnam está ameaçando banir Temu e Shein, dizendo que elas não têm autorização para operar no país.
A Amazon, obviamente afirma que os produtos vendidos pela Haul têm garantia e estão de acordo com a legislação vigente.
Kodali disse também que o projeto não está isento de riscos para a Amazon, pois há evidências de que os consumidores estão “ficando cansados de produtos de baixa qualidade e entrega demorada”, o que poderá fazer com que a Haul não dure muito tempo.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].