Cristovão Wanderley (*)
Se você tiver mais de 40 anos, se lembrará do desenho animado “Os Jetsons”, que introduziu no imaginário da maioria das pessoas o que seria um futuro ideal.
Cidades suspensas, carros voadores, trabalho automatizado, uma variedade de aparelhos eletrodomésticos e robôs como criados. Tudo para facilitar a vida, promovendo o desenvolvimento das cidades e das pessoas. Mas com todo o aparato tecnológico, a vida dos Jetsons não era um mar de rosas: as inovações falhavam, o trabalho era estressante, as relações eram conturbadas.
Talvez já tenha sido um sinal profético para dizer que o segredo não está na tecnologia em si, mas no uso inteligente que se faz dela. Hoje, a cidade inteligente da família dos Jetsons não é algo tão surreal, visto que algumas soluções apresentadas na década de 60 já fazem parte do nosso dia a dia.
Por outro lado, podemos perceber que as inquietudes e insatisfações do tempo desses personagens prevalecem até os dias de hoje, ainda que de outras formas.
Mas que lição poderíamos extrair de um desenho animado? Mesmo com uma perspectiva tão visionária, por que os criadores da série mantiveram as questões humanas da ocasião?
Não temos resposta certa para estas perguntas, mas refletir sobre isso coloca luz ao grande debate atual: a tecnologia precisa estar a serviço das pessoas, dos consumidores e da cidadania. À medida que as cidades se tornam mais inteligentes, elas se tornam mais habitáveis e mais sustentáveis. E hoje estamos vendo apenas uma prévia do que a tecnologia é capaz de fazer positivamente com as empresas, com as pessoas e com o meio ambiente.
Mas como isso pode ser feito? Com planejamento e análise de dados. Cidades inteligentes unem dados e tecnologia digital para trabalharem juntos em prol de um bem comum: melhor qualidade de vida para todos. Se empresas orientadas por dados podem crescer mais de 30% ao ano, segundo um relatório da?Forrester, imagine o que não aconteceria se as cidades também se orientassem por dados para tomarem suas decisões?
A pandemia e o isolamento social impulsionou o comportamento digital no ambiente urbano. Quando todo mundo entendeu que não seriam apenas três meses de isolamento, houve uma grande corrida para acelerar a transformação digital, inundando o mercado de tecnologias, softwares e aplicativos que nos ajudassem a continuar resolvendo os problemas, mesmo os mais simples, de dentro de casa.
O resto da história nós já sabemos: uma avalanche de dados e informações sendo criados, compartilhados e multiplicados de forma exponencial. E por serem mais abrangentes e em tempo real, eles dão o tom do que seria este novo ambiente digital. Pensar numa cidade inteligente que ofereça uma melhor qualidade de vida nos faz ponderar sobre como a tecnologia e os dados poderão nos ajudar a tomar melhores decisões para prover um lugar verdadeiramente habitável.
Nesse sentido, o planejamento inteligente é uma agenda importantíssima para que a implantação de soluções seja mais ágil, eficaz e escalável. Entender o que é análise de dados e saber trabalhar com ela são ações que requerem parceiros estratégicos, confiáveis, com grande expertise e muita habilidade para lidar com o volume de informações a se coletar, organizar e armazenar.
O avanço da tecnologia é essencial para a captação e enriquecimentos dos dados, mas a visão, a boa gestão e a vontade de romper com as formas convencionais de fazer as coisas abrem portas para um novo futuro das cidades que chamamos de lar.
(*) – É Sócio-diretor da Stratlab e Especialista em Tecnologia e Dados (https://stratlab.com.br/).