Reagindo às sanções que o governo americano tem imposto às empresas chinesas, a gigante de tecnologia Huawei passou a utilizar em seus produtos muitos componentes fabricados no país, em substituição a material de origem americana.
Vivaldo José Breternitz (*)
A informação foi dada pelo fundador da empresa, Ren Zhengfei, em um discurso pronunciado na Jiao Tong University, de Shanghai. Segundo ele, foram desenvolvidos substitutos para mais de 13 mil tipos de peças nos últimos três anos, inclusive 4 mil placas de circuitos impressos e semicondutores.
Para isso, em 2022 a Huawei investiu US$ 23,8 bilhões em pesquisa e desenvolvimento, e segundo seu fundador, pretende que esses investimentos cresçam ainda mais. Dentre os produtos desses esforços, está a criação de um ERP próprio, chamado MetaERP – trata-se de um sistema integrado de gestão, similar aos fornecidos pela SAP e Oracle.
A empresa teve o apoio da Jiao Tong University, uma universidade fundada em 1896 e que tem cerca de 38 mil alunos, que frequentam 63 cursos de graduação, 250 programas de mestrado, 203 de doutorado e 28 de pós-doutorado. A universidade dispõe também de inúmeros laboratórios e centros de pesquisa.
O governo do ex-presidente Donald Trump, proibiu empresas americanas de fazer negócios com a Huawei; seu sucessor, Joe Biden, reforçou as sanções, nomeadamente ao proibir a venda dos novos produtos da marca chinesa em território americano.
É mais um exemplo de “onshoring”, termo que tem voltado à mídia e que significa produzir no mercado onde o bem será consumido – é exatamente o contrário de “offshoring”, expressão que ficou famosa nos anos de ouro da globalização como sinônimo de levar a fabricação de partes do produto ou até do item completo para países que possam produzi-lo de forma mais barata.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.