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China aumenta sua capacidade militar no espaço

em Tecnologia
segunda-feira, 04 de novembro de 2024

A US Space Force é um braço das forças armadas americanas, criado em 2019. É a primeira força espacial independente do mundo e tem como principal objetivo proteger os interesses dos Estados Unidos no espaço.

Vivaldo José Breternitz (*)

Seu comandante, General Chance Saltzman, disse que a China está aumentando sua capacidade militar no espaço a um ritmo “alucinante”.

Saltzman fez essa afirmação durante um giro pela Europa, onde procurou conscientizar os países membros da OTAN sobre potenciais conflitos no espaço com potências como China e Rússia e a necessidade de cooperação entre os aliados europeus visando melhorar as capacidades de dissuasão.

Há muito tempo as forças armadas dos Estados Unidos usam engenhos espaciais, especialmente satélites espiões e de comunicações; ataques a esses dispositivos podem prejudicar seriamente a capacidade de combate dos americanos, sendo claro que seus potenciais inimigos, especialmente a China, estão se preparando para poder desfechar esses ataques em caso de conflito.

Pequim tem rejeitado as alegações americanas de que seu programa espacial, cada vez mais sofisticado, representa perigo para outros países e tem afirmado que Washington faz essas afirmações para ter um pretexto para expandir suas forças no espaço e manter a hegemonia militar.

Além do desenvolvimento tecnológico, os chineses tem reestruturado suas forças armadas no sentido de poderem atuar com eficiência em um eventual conflito no espaço. Medidas similares vem sendo tomadas pelos russos, que como os chineses, vem testando engenhos que podem destruir ou prejudicar o fluxo de informações vindas de satélites, tornando-os inúteis.

Os Estados Unidos estão muito à frente de seus aliados europeus no desenvolvimento de capacidades espaciais militares, mas querem “lançar as bases” para as forças espaciais do continente, disse Saltzman.

Mas como sempre acontece nesses momentos, Saltzman queixou-se da falta de recursos financeiros para o desenvolvimento das estruturas que julga necessárias – a US Space Force monitora mais de 46 mil objetos em órbita e tem cerca de 10 mil militares, sendo o menor braço das forças armadas americanas.

Apesar dessas queixas, a SpaceX acaba de assinar um contrato de US$ 734 milhões para fornecer serviços de lançamento espacial para agências de defesa e inteligência dos Estados Unidos e está trabalhando cada vez mais com militares e inteligência americanos através de seu braço Starshield, que está desenvolvendo novos satélites que rastreiam mísseis e apoiam a coleta de inteligência.

Apesar do comportamento errático de Elon Musk, o chefe da SpaceX, e relatos de que o bilionário tem contatos regulares com o presidente russo Vladimir Putin, Saltzman disse que esses contatos não causam preocupações.

Talvez valha lembrar o que disse Dwight Eisenhower ao deixar a presidência dos Estados Unidos em 1961: a sociedade precisa estar alerta e resistir às pressões do complexo militar-industrial por mais recursos financeiros. Comandante das forças aliadas no front ocidental ao final da 2ª Guerra Mundial, Eisenhower devia saber o que estava falando.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].