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ChatGPT liberado para fins militares

em Tecnologia
quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Até muito recentemente, o portal da OpenAi afirmava que os sistemas de inteligência artificial da empresa, como o ChatGPT, não podiam ser usados ​​para fins militares.

Vivaldo José Breternitz (*)

Como observou agora a publicação online The Intercept, desde 10 de janeiro essa restrição não mais aparece no portal da OpenAI. Segundo especula The Intercept, isso se deve a uma aproximação entre a empresa e a DARPA – Defense Advanced Research Projects Agency, órgão do governo americano responsável pela manutenção da superioridade tecnológica desse país – foi no âmbito da DARPA que surgiu a internet.

Agora, a OpenAI em seu portal diz ser proibido o uso de seus produtos para prejudicar pessoas, inclusive pelo desenvolvimento de armas – apesar desse texto um tanto quanto ambíguo, fica evidente a remoção do veto a uso para “fins militares”.

Para o The Intercept, mesmo que a OpenAI não tenha um produto diretamente capaz de matar alguém ou causar danos físicos, suas tecnologias podem ser usadas na criação de armas de uso militar.

Sobre a mudança, o porta-voz da OpenAI, Niko Felix, disse ao The Intercept que a empresa “pretende criar um conjunto de princípios universais que sejam fáceis de lembrar e aplicar, especialmente porque nossas ferramentas são usadas globalmente por usuários comuns”.

Felix disse também que “um princípio como não prejudicar outras pessoas é amplo, mas facilmente compreendido e relevante em vários contextos”, acrescentando que a OpenAI “cita especificamente armas e ferimentos a outras pessoas como exemplos claros”.

O que se sabe é que a OpenAI está trabalhando com a DARPA na área de ferramentas de segurança cibernética destinadas a proteger software de código aberto essencial a fins militares e de infraestrutura. Isso é o que se sabe, mas…

Aliás, a OpenAI parece bastante preocupada com sua imagem, tendo tornado público que está tomando providências para que suas ferramentas não influenciem as eleições que acontecerão neste ano, quando 4,2 bilhões de pessoas votarão em 50 países, entre os quais o Brasil.

Sua intenção é louvável, mas as medidas informadas até agora não parecem tão eficazes, parecendo mais uma tentativa de “whitewashing”, ou seja, de tornar a realidade mais palatável.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].