A pandemia gerou um grande aumento nas vendas de tablets em função da necessidade de se trabalhar e estudar em casa.
Vivaldo José Breternitz (*)
Com a pandemia em queda e com a crise econômica e a inflação atingindo os bolsos dos consumidores, observa-se agora uma queda nas vendas dessas máquinas, como aponta um estudo da Strategy Analytics, uma empresa americana voltada à análise de mercados, especialmente na área de tecnologia.
Essa mudança de cenário está fazendo com que os tablets deixem de ser um artigo de primeira necessidade para se tornarem um supérfluo, a ponto de suas vendas globais terem caído 16% no terceiro semestre de 2022, em relação ao mesmo período do ano anterior.
A Apple continua a ser a detentora do maior market share, com 39% das máquinas comercializadas no período segundo o estudo, que atribui o domínio da marca ao seu portfólio de produtos mais sofisticado, que atrai clientes com mais recursos e que não sofrem o impacto da crise e da inflação com grande intensidade; o custo médio de seus tablets é de US$ 483, nos Estados Unidos.
Apesar da fatia de mercado que a Apple detém, suas vendas caíram 14% em relação às do mesmo período de 2021, chegando a 14,9 milhões de máquinas.
As marcas que seguem a Apple, Samsung e Amazon, perderam menos vendas, 4% e 5%, respectivamente; a Samsung, que vendeu 7,2 milhões de tablets, teve um desempenho melhor do que o esperado – seu market share é 19%.
Já a Amazon, com 10% do mercado, tem foco em tablets mais simples, vendidos a preços mais acessíveis através de grandes programas de comercialização, como o Amazon Prime Day e o Amazon Early Access, que lhe permitiu vender 3,7 milhões de máquinas.
Também é digno de nota o anúncio do Gartner, outra empresa americana voltada à análise de mercados, especialmente na área de tecnologia: as vendas mundiais de computadores pessoais totalizaram 68 milhões de unidades no terceiro trimestre de 2022, uma queda de 19,5% em relação ao mesmo período de 2021. E mais: este é o declínio mais acentuado já registrado desde que o Gartner começou a monitorar o mercado de PCs em meados da década de 1990.
As grandes empresas de tecnologia estão vivendo momentos difíceis, que estão se espalhando por quase todos os setores da economia; nosso Brasil também deve ser atingido.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.