Uma nova expressão, que designa a volta de funcionários a antigos empregos, vem ganhando espaço, especialmente no ambiente de tecnologia da informação; essa expressão é “boomeranging”, fazendo referência ao bumerangue, objeto que depois de lançado, volta às mãos da pessoa que o lançou.
Vivaldo José Breternitz (*)
O boomeranging parece estar se tornando uma tendência, como observa Anthony C. Klotz, professor da UCL School of Management em Londres; Klotz foi quem cunhou o termo “great resignation”, que designa o grande volume de pedidos de demissão de profissionais de quaisquer áreas ou empresas.
Esse volume foi especialmente grande durante a pandemia: 47 milhões de trabalhadores americanos pediram demissão em 2021; na França e no Reino Unido movimento similar foi registrado, à medida em que os trabalhadores buscavam um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
O boomeranging está conectado a outro movimento, o chamado “big regret”, que designa o arrependimento pela adesão à great resignation: a UKG, uma plataforma de gerenciamento de força de trabalho, realizou uma pesquisa em seis países em 2022, concluindo que 43% dos que deixaram seu emprego tiveram sua vida profissional piorada e que 41% disseram ter se precipitado ao deixarem seus antigos empregos.
Muitas empresas tem restrições à recontratação de funcionários, mas essas restrições parecem estar se amenizando desde antes da pandemia: já em 2019, mais de 10% das contratações da Microsoft eram de boomerangers.
Essa mudança de postura deve-se ao fato de as empresas acreditarem que contratar ex-funcionários, que são pessoas conhecidas, é considerado menos arriscado do que contratar pessoas que não conhecem. Os ex-funcionários também estão familiarizados com o trabalho, entendem a cultura e os valores da organização e podem se relacionar mais facilmente com os funcionários existentes.
Mas as empresas tem observado também que os boomerangers geralmente não se destacam quando voltam a um antigo emprego; seu desempenho tende a permanecer o mesmo após a recontratação.
Aqui no Brasil, vimos muitos profissionais jovens demitirem-se, falando em melhoria da qualidade de vida; agora muitos desejam voltar aos antigos empregos, vivenciando situação similar aos do chamado Primeiro Mundo, que aqui é agravada pela fragilidade de nossa economia.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.