Fundada em 1984 com o nome de Research in Motion, a história da BlackBerry é bem conhecida: uma empresa líder em tecnologia de celulares que demorou para se dedicar aos smartphones e viu seus prósperos negócios na área de telefonia desaparecem em cinco anos.
Vivaldo José Breternitz (*)
Apesar de não ser mais um nome presente na área de telefonia, nos anos seguintes a BlackBerry concentrou-se, com sucesso, em segurança cibernética e Internet das Coisas, vendo sua solução de tecnologia QNX ser adotada por gigantes como BMW, Bosch, Continental, Toyota, Volkswagen e Volvo, entre outras. O QNX é um sistema operacional da família Unix, utilizado em processos altamente críticos como controle de voo, controle de esteiras de fábricas, sinais de trânsito, usinas nucleares, equipamentos médicos e interface gráfica em veículos.
Buscando voltar aos áureos tempos, a BlackBerry anunciou que planeja dividir-se em duas: uma empresa para seus negócios de segurança cibernética e outra para seus negócios de Internet das Coisas, da qual pretende abrir o capital no próximo ano.
A decisão de dividir seus negócios surgiu de estudos feitos pelas empresas de consultoria Morgan Stanley e Perella Weinberg Partners, que chegaram à conclusão de que a área que trabalha com Internet das Coisas terá mais facilidade para atrair capitais e desenvolver estratégias próprias de atuação caso se separe do resto da empresa..
Em seu último relatório financeiro a BlackBerry relatou receitas de US$ 49 milhões na área de Internet das Coisas, no trimestre fiscal encerrado em 31 de agosto; já as receitas provenientes da área de segurança cibernética chegaram a US$ 79 milhões no mesmo período.
A reação inicial dos investidores às notícias acerca da divisão foi positiva, com as ações da BlackBerry subindo mais de 4% no final das negociações no dia em que as medidas foram anunciadas.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.