Vivaldo José Breternitz (*)
Bill Gates afirmou que os NFTs são “100% baseados na greater fool theory”, em tradução livre, “teoria do mais tolo” – um conceito muito usado nas bolsas de valores, de acordo com o qual mesmo ativos supervalorizados podem trazer ganhos, desde que seu dono encontre alguém suficientemente tolo para comprá-los.
Falando em um evento sobre mudanças climáticas, Gates disse que prefere investir em ativos tangíveis, como fazendas e indústrias, e que não faz investimentos em criptomoedas e NFTs. Gates disse também que suspeita de ativos idealizados para evitar impostos ou contornar regras governamentais.
“Obviamente, imagens digitais de macacos, muito caras, vão melhorar imensamente o mundo”, brincou Gates, referindo-se ao mais conhecido conjunto de NFTs, o Bored Ape Yacht Club, construído na blockchain Ethereum e que é constituído por imagens de macacos geradas por um algoritmo.
Não é a primeira vez que Gates expressa ceticismo em relação às criptomoedas. Em uma entrevista de 2021, ele mencionou os riscos corridos por pessoas comuns ao comprarem bitcoins, tendo em vista a volatilidade da moeda – as quedas violentas nos últimos dias dão razão a Gates.
Da mesma forma, os preços dos NFTs também caíram acentuadamente. Alguns dos maiores conjuntos, como o mencionado Bored Ape Yacht Club, tiveram seu valor reduzido à metade. Ao mesmo tempo, o volume de negócios aumentou, à medida que compradores procuram adquirir ativos digitais a preços baixíssimos em relação aos anteriormente praticados.
Estes últimos talvez acreditem na “teoria do mais tolo” e esperam encontrar pessoas suficientemente ingênuas a quem possam vender esses ativos com lucro.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.