Vivaldo José Breternitz (*)
Desde o início deste ano, vários setores vêm sofrendo com a escassez de componentes eletrônicos, especialmente chips. O impacto maior se concentra sobre as indústrias de games e automobilística; várias montadoras, inclusive no Brasil, precisaram parar suas linhas de produção. Agora, parece que esse problema está começando a afetar a fabricação de smartphones Android, à medida que o fornecimento de chips da Qualcomm, que equipam boa parte desses aparelhos, começa a diminuir.
Ainda não está claro se essa escassez de chips afeta a disponibilidade de dispositivos no varejo, mas já é quase certo que haverá um impacto nas vendas de smartphones em 2021, a ponto do vice-presidente da Xiaomi, Lu Weibing, ter dito que a situação não é apenas de escassez, mas “de escassez extrema”.
A principal causa dessa falta de chips é a pandemia, que desorganizou cadeias de suprimentos, diminuiu o ritmo de produção e fez com que mais pessoas comprassem aparelhos eletrônicos para trabalhar de casa, especialmente notebooks e smartphones. Outros fatores, como a recente onda de frio no Texas, também contribuíram, pois, fábricas de componentes ficaram inoperantes por algum tempo devido às quedas de energia.
Com a escassez de chips afetando todos os setores, de veículos a consoles de videogames e agora smartphones Android, a disponibilidade de eletrônicos pode diminuir muito, antes que o mercado comece a se recuperar, na segunda metade do ano e voltando à normalidade em 2022, como se espera. Como a lei da oferta e da procura não foi revogada, é certo que os preços também tendem a subir nos próximos meses.
(*) – Doutor em Ciências pela USP, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.