A Apple abandonou um dos projetos mais ambiciosos da sua história, a construção de veículos elétricos.
Vivaldo José Breternitz (*)
A notícia foi divulgada pela agência Bloomberg, citando fontes que afirmam que a decisão surpreendeu os quase 2 mil funcionários envolvidos no projeto, que serão direcionados para o desenvolvimento de produtos ligados à inteligência artificial.
Quando a notícia se tornou pública, as ações da Apple em Wall Street subiram cerca de 1,2%. O chefão da Tesla, Elon Musk também pareceu satisfeito com a notícia, republicando-a no Twitter; certamente ficou feliz ao saber que um rival de peso não entraria no mercado dos elétricos.
O carro elétrico da Apple, conhecido como “Project Titan”, era uma tentativa de diversificar a linha de produtos da empresa, indo além daqueles voltados à tecnologia da informação e comunicação – o projeto era secreto, tanto que a Apple nunca falou dele oficialmente.
Em 2014, quando o Apple Car começou a ser pensado, a ideia era ter não apenas um veículo elétrico, mas também autônomo, sem volante e pedais, cujo controle poderia ser assumido por um centro de comando remoto em situações de emergência – era realmente algo muito ambicioso.
O abandono do sonho do veículo elétrico coincide com um momento de desaceleração desse mercado. Elon Musk alertou para uma possível redução no nível de crescimento das vendas da Tesla este ano, citando demanda fraca, altas taxas de juros e crescente concorrência, especialmente de fabricantes chineses.
Ford e General Motors suspenderam recentemente seus planos de expansão da capacidade de produção de carros elétricos, e outro fabricante americano, a Rivian, anunciou um corte de 10% em sua força de trabalho há alguns dias.
Segundo as fontes da Bloomberg, os recursos que a Apple destinava à pesquisa em carros elétricos serão redirecionados para o desenvolvimento de produtos ligados à inteligência artificial.
Circulam também informes dando conta de mais uma possível guinada do mercado de elétricos: fabricantes estariam pensando em concentrar esforços em veículos híbridos, o que em tese é bom para o Brasil.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].