Os lasers espaciais, até há pouco tempo presentes apenas na ficção científica, estão chegando ao mundo real.
Vivaldo José Breternitz (*)
Consta que a NASA considerou seu uso para algumas aplicações, entre as quais eliminar lixo espacial. Agora, a Amazon parece estar tornando os lasers espaciais tecnologia a entrar em operação brevemente: eles devem ser usados na transmissão de dados a altíssima velocidade entre os satélites que comporão a rede Kuiper da empresa; essa rede fornecerá serviços de internet que concorrerão com o Starlink, da SpaceX, de Elon Musk.
Em outubro, a Amazon lançou dois satélites para fins de teste, com sucesso. Esses satélites trocaram dados a velocidades de até 100 gigabits por segundo, indicando que essa arquitetura será capaz de “linkar” vários satélites ao mesmo tempo, usando a nova tecnologia.
Os dados foram trocados a distâncias de até 2.600 quilômetros, com os satélites movendo-se a cerca de 25 mil km/h, tendo a Amazon afirmado que essa troca de dados pode ser cerca de 30% mais rápida do que quando feita por cabos de fibra ótica instalados em terra.
Segundo Ricky Freeman, vice-presidente da divisão Kuiper, a nova rede terá, além da velocidade, características de resiliência e redundância para clientes que precisam transmitir dados com segurança, o que é importante para aqueles que procuram evitar arquiteturas de comunicação que possam ser interceptadas ou interrompidas.
O Projeto Kuiper teve início em 2019, mas acelerou-se nos últimos meses devendo a produção de satélites em larga escala começar no primeiro semestre de 2024 e com aplicações piloto de clientes tendo início no segundo semestre.
Curiosamente, a Amazon assinou um acordo com sua concorrente SpaceX para lançar os satélites Kuiper em um ritmo acelerado.
Ao que parece, uma nova era se inicia nessa área.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas