Durante a última Copa do Mundo de Futebol, 517 milhões de pessoas em todo o mundo assistiram a final do torneio pela televisão. Ficou em torno desse número nas últimas edições, segundo a FIFA, mas nenhuma supera os 562 milhões do Brasileirão de 2014. Só para contextualizar, o SuperBowl, que acontece anualmente, em 2021 convocou 140 milhões de telespectadores, segundo o Statista, empresa especializada em dados de mercado e consumidores.
Não há dúvidas de que o mais importante evento do futebol é uma das referências na indústria do entretenimento. E, principalmente no Qatar 2022, incorporou a tecnologia como aliada para melhorar o espetáculo de diversas formas. A novidade é que o futebol, em geral, era reticente. Por exemplo, a utilização de GPS para jogadores só foi aceita em 2015 e foi uma das últimas a incorporar a vídeo-assistência (VAR), muito mais tarde do que o Vídeo Ref do hóquei e do rugby ou o Hawk-Eye do ténis, para citar apenas alguns casos.
Esta Copa do Mundo teve mais um avanço: a linha de impedimento observada com o VAR não dependerá mais do olho humano, mas de um sistema desenvolvido com inteligência artificial que detecta as posições e o momento exato em que acerta o jogador. Ao todo foram 12 câmeras, 29 pontos de dados de cada jogador e a bola contendo um sensor que enviava um pacote de dados 500 vezes por segundo, segundo a FIFA. Reduzir a margem de erro humano é uma maneira de melhorar o espetáculo.
Também há melhora no quesito de equipes. Com inúmeras plataformas que avaliam o desempenho, agora é a própria FIFA que passa a propor uma nova forma de aproveitá-las. Foram processados 15.000 dados por jogo, ou seja, mais de 166 por minuto, além de oferecer 25 analistas por jogo e o uso de um sistema de rastreamento especial. No aplicativo FIFA Player, os jogadores puderam ver todas as ações com a imagem correspondente assim que a partida terminava.
Mas, a tecnologia não esteve ligada estritamente ao jogo. Ela também pôde desempenhar um papel importante, por exemplo, mantendo os estádios em harmonia com o ambiente. Ou seja, proporcionando um impacto positivo nas economias locais, que não afetassem o valor dos imóveis próximos, além de promover um bom acesso para os participantes. Um dos casos mais marcantes no Qatar é o Estádio 974, construído com containers e posteriormente será desmontado porque, como é de esperar num país tão pequeno, nem todas as infraestruturas continuarão a fazer sentido depois da finalização do grande evento.
No dia a dia, o torcedor foi surpreendido em termos de experiência, que consolidou-se como o que há de mais importante na indústria do entretenimento e, impulsionada pela pandemia, uma das principais estratégias é conseguir experiências virtuais e presenciais mais coesas.
No início do ano, a NBA vendeu assentos para que os torcedores, de suas casas e com realidade virtual, pudessem acompanhar o jogo de um local privilegiado. As caixas de VR foram um dos presentes mais populares nos Estados Unidos no último Natal, de acordo com a televisão CNBC.
O Los Angeles Clippers, que irá inaugurar seu novo estádio Intuit Dome em 2024, incorporou a inovação desde sua fase de construção para gerar soluções tecnológicas e que sua nova casa foi pensada para atender o torcedor com uma experiência sem atritos em termos de acesso, entretenimento, informação e conforto.
Um estádio histórico como o Camp Nou também buscou, de alguma forma, melhorar seu conforto. Por meio de um gêmeo digital, eles replicaram os fluxos de renda das pessoas para evitar engarrafamentos e acelerar os tempos de acesso. Diferentes formas em que a tecnologia melhora o esporte e atua de forma muito mais abrangente do que apenas por meio do VAR, como muitos acreditam.
Temos certeza de que a cada quatro anos uma nova Copa do Mundo será realizada e as pessoas poderão testemunhar, mais uma vez, como paixão e tecnologia, quando se unem, o impensável acontece.
(Fonte: Diego Tartara é CTO da Globant, empresa nativa digital focada em reinventar negócios por meio de soluções tecnológicas inovadoras).