De acordo a OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte – a Rússia vem aperfeiçoando planos para interromper o funcionamento de partes da Internet e dos serviços de GPS.
Vivaldo José Breternitz (*)
A Organização acredita que a Rússia está mapeando os cabos submarinos que transportam dados entre continentes e que esse país já pode ter realizado ataques em pequena escala contra essas estruturas, mais a título de teste.
Em junho houve uma interrupção no gasoduto Nord Stream 2, que liga Rússia e Alemanha, não se sabendo se causada por um ataque ou acidente. Na ocasião, acreditando que havia acontecido um ataque, o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, disse que “nada impedia a Rússia de destruir os cabos submarinos utilizados por seus inimigos” – isso prejudicaria imensamente os serviços de internet.
Em 2023, danos a um cabo que passa sob o Mar Báltico interromperam as telecomunicações entre a Suécia e a Estônia. A Rússia negou enfaticamente qualquer envolvimento, mas o governo sueco disse que os danos resultaram da ação de “forças externas”.
Em abril passado, a Rússia foi acusada de ataques a sistemas de GPS que paralisaram os voos de Helsinque, Finlândia, para Tartu, Estônia, por um mês.
Em um mundo cada vez mais dependente da internet, os fluxos de dados entre continentes dependem de cabos submarinos. Uma rede de cabos de fibra óptica que se estende por cerca de 1.200.000 quilômetros transmite 95% dos dados internacionais. Esses cabos têm sido vistos como alvos militares potenciais há décadas, e tanto os Estados Unidos quanto a antiga União Soviética já os vigiavam desde a Guerra Fria.
Como a Rússia tem conectividade de internet terrestre com a Europa e a Ásia Central, ela é muito menos dependente de cabos submarinos do que o resto do mundo. Isso torna as recentes atividades navais e de inteligência russas preocupantes, pois navios e submarinos russos sido detectados próximos das rotas dos cabos submarinos.
Em resposta, os países da OTAN estão intensificando sua vigilância em áreas consideradas vulneráveis, além de estarem desenvolvendo um sistema para alertar automaticamente sobre tentativas de ataque aos cabos submarinos e, caso seja necessário, redirecionar as comunicações para satélites.
Os países ocidentais devem procurar estabelecer procedimentos para melhor coordenar respostas a possíveis ataques a essas áreas-chave de infraestrutura e para o desenvolvimento de alternativas robustas para os sistemas de comunicação internacionais.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].