Márlyson Silva (*)
Depois de lançar o Pix e o Open Finance com sucesso, o próximo produto de inovação do Banco Central (BC) é o Drex, uma CBDC (Central Bank Digital Currency), ou seja, a versão digital do real. Mas se a expectativa era de que o lançamento acontecesse em 2025 para os consumidores, a entidade anunciou que isso não vai ser possível.
E, acredite, é uma excelente notícia. Na 4ª edição do Fórum Drex, o BC anunciou que vai adicionar mais uma etapa de testes na versão piloto da CBDC para focar em questões de privacidade e novos casos de uso com a tecnologia. E o primeiro motivo é o que devemos celebrar: o Drex promete mais transparência, eficiência e inclusão ao sistema financeiro brasileiro, mas sem segurança não pode entregar isso.
Afinal, uma das premissas da tecnologia blockchain é justamente a segurança e transparência. Então, com o BC anunciando que ainda precisa encontrar “uma solução de segurança que atenda aos critérios técnicos e legais”, quem ganha é o sistema financeiro brasileiro, com a certeza de que o projeto vai ser entregue de maneira planejada e pensada, como foi o Pix ou o Open Finance.
Além dessas preocupações válidas, o BC vai ter mais tempo para realizar os seus testes e aplicações práticas, garantindo que o Drex seja realmente aplicável no que imaginamos ser possível. Um exemplo de teste que pode ser feito é a relação com as stablecoins. Na minha visão, ativos como o BRZ podem funcionar como o braço do Drex para transações internacionais.
Enquanto já estamos bem servidos internamente com o Pix, as stablecoins podem atuar com a mesma velocidade e praticidade para conectar, de fato, o Brasil a economia global.
Outro ponto que reforça a importância de toda essa cautela do BACEN é o impacto em potencial desse projeto na América Latina e em outras economias emergentes: as instituições e os reguladores desses países estão acompanhando o Drex assim como fizeram com o Pix.
O Banco de la República, banco central colombiano, anunciou no fim de 2023 a implementação do Pix por lá e, sem dúvidas, vai acompanhar o que está sendo feito com o Drex por aqui. No final das contas, a responsabilidade do BC vai além do impacto na população brasileira, já que conduzir os testes aos mínimos detalhes de segurança pode ser fundamental para outros países também.
Agora nos resta aguardar e, se preciso, colaborar no que for possível para que o BC encontre as soluções necessárias para desenvolver uma infraestrutura que tenha tudo o que precisa para atingir todo o seu potencial de inovar o sistema financeiro brasileiro e, por que não, global.
(*) – É CSO (Chief Strategy Officer) da Transfeero (https://www.transfeero.com).