A queda de Evo Morales após 13 anos como presidente da Bolívia, repercutiu entre os senadores. Para os senadores mais alinhados a partidos de esquerda, Evo é vítima de um golpe de Estado. Já os senadores de outros espectros políticos entendem que Evo perdeu a legitimidade, após tentar a quarta reeleição num processo contestado por amplos setores sociais daquele país, sob acusações de fraude.
O senador Jean Paul Prates (PT-RN) não hesita em qualificar a renúncia de Evo, de “um golpe militar direitista, com traços fundamentalistas”. Para ele, a ação é motivada pela disputa sobre o controle das riquezas naturais do país, como petróleo, gás e lítio. O presidente da Comissão de Relações Exteriores, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), aponta que Evo caiu após a constatação de que sua última vitória teria sido obtida através de fraude.
A Bolívia vive uma conflagração social desde o pleito de 20 de outubro, que deu vitória a Evo para exercer um novo mandato de 6 anos. Para a oposição, o processo foi fraudado. Uma auditoria da OEA defendeu uma investigação isenta sobre o processo por parte de órgãos do Estado boliviano, diante de “registros com alterações e assinaturas falsificadas”. A OEA ainda apontou “manipulações ao sistema de computação de votos”.
A vice-líder do PSL, senadora Soraya Thronicke (MS), reproduziu uma mensagem do chanceler Ernesto Araujo, para quem “a tentativa de fraude deslegitimou Evo Morales”. O comentário ainda defende que “não há nenhum golpe na Bolívia, e que esta narrativa só serve para gerar mais violência”. Para a senadora Juíza Selma (Podemos-MT), “graças a Deus a Bolívia acordou”. Ela refuta a tese de que o país sofre um golpe de Estado, e que quem tentou dar um golpe foi Evo Morales, “que fracassou” (Ag.Senado).