O que a Geração “mimimi” pode estar trazendo de bom?
Permitam-me contextualizar, juro que termina bem.
David Fraga |
David Fraga (*)
Sou de 1978, uma época onde meninos sonhavam em ser o Cobra Plissken e amarrar uma faixa vermelha na cabeça era sinônimo de ser um super soldado. Mas isso não era suficiente pra te dar coragem de atravessar o salão e convidar a menina do outro lado pra dançar…e que salões enormes eles eram nessa hora, não?
Crescemos segregando meninos e meninas, vendo violência na TV e conservando valores familiares de prover e proteger os que dependiam de você e não tínhamos idéia dos sonhos delas.
Ah sim, o bulling estava lá sempre esteve e tivemos que aprender com ele. Sendo “Nerd” ou o “geek” que sou tive esta lição muitas vezes. Aprendi que o mundo não gostava do “diferente”.
Comecei a trabalhar aos 14, em julho de 92 e descobri que tinha bulling lá também e que sempre tem boas e más pessoas, quem te ergue e rói a corda e que as vezes é a mesma pessoa quem faz os 2. Tinha gente séria, tinha gente mole, mas não tinha L.E.R.
Fui empreendedor aos 15, vendia desenhos pra pagar o colégio, ia nas lojas de RPG via o povo jogar e vendia desenho dos personagens deles, miniaturas pintadas e coisas do tipo.
Aos 16 Valdnei de Sousa, da falecida locadora Tilty’s me ajudou a abrir uma loja de livros e cards de RPG, mas não encontrei meu público e ele não me encontrou…fechei no ano seguinte.
Meses depois desisti do sonho e entrei para o mundo coorporativo: Motorola, depois Credicard, veio a crise, o corte, fui balconista de lan House e mais uma vez o dono de lá Fabio Goldengerg me ajudou a ter a minha própria Agência de Publicidade sendo o meu primeiro cliente.
De lá pra cá colocamos mais de 60 novos produtos no mercado, trabalhamos com usinas eólicas, fábricas de ferramentas e roupas para cães. E hoje, não me vejo mais fazendo outra coisa a não ser lecionar, abri uma escola de Design em SP com minha esposa e compartilho um programa de empreendedorismo com Alessandro Saade na Rádio Geek.
Nesta trajetória vi as gerações mudar e muito, muitas vezes.
Hoje os garotos tiram fotos com cara de cachorrinho, as redes sociais deixaram aquele salão de festa bem mais estreito e fácil de atravessar. E quando a gente cresce ainda tem o Tinder.
As pessoas ficaram mais imediatistas sim, mas também mais imediatas e isso as fez ficar mais exigentes e urgentes para ver resultados.
Talvez por isso sejam tão ávidos pela mudança.
Cresci vendo o Silvio receber “travestis” em seu show de calouros, levamos anos pra aprender que eram Drags.
Hoje a ideologia de gênero se propaga, a luta racial se encontra em quase toda nossa volta, os satélites nos deixam ver as terras indígenas invadidas, as digital influencers nos contam com o que sonham as mulheres e também o que comem no café da manhã. (embora ainda não saiba porque vão em dupla ao banheiro).
O machismo que nos foi “naturalmente” incutido está cercado.
Mas as pessoas causadoras desta revolução não tem entendido o tempo da mudança e avalia do esperar, e nós antiquadamente até podemos criticar o quanto os extremistas “choram” por suas causas, mas devemos também ver que deste mar de “desesperados” se esgueiram os sérios e que em nenhum outro momento da história um Pablo Vitar faria sucesso.
Temos dezenas de Negros fazendo comerciais, cenário impossível há poucos anos.
A feira de games e produtos Geeks é a que mais fatura no mundo, os Super Heróis vendem e a Beyond Meat acaba de ser a primeira empresa Vegana na bolsa, arrecadando R$950 milhões em um dia.
Esta é a hora de apostar no inclusivo e nos novos mercados, hora e vez das exceções.
Pois diferente é quem não aceita a variedade e o pensamento que evoluiu, e se está negando algo na sua cabeça ou reclamando do que leu, adivinha quem é o dono do “mimimi”?
Até a próxima!
(*) É Membro dos Empreendedores Compulsivos, é antes de tudo um apaixonado por pessoas e suas atividades. É Sócio da JAM Propaganda e fundador da Escola Guilda de design. Palestrante de Atendimento à Clientes e Relacionamento Interpessoal, também o programa semanal dos Empreendedores Compulsivos na Radio Geek. Jogador convicto de RPG, se desenvolve hoje para atender pessoas com TDAH harmonizando seu aprendizado com os demais em sua escola.