Renato Martinelli (*)
A cerimônia de abertura das Olímpiadas marca um momento histórico do esporte mundial. Por conta do Covid-19 que afetou o mundo todo, pela 1a vez na história desde os jogos modernos (1896 – Olimpíadas em Atenas, Grécia), o maior evento esportivo demorou um ano a mais para ser realizado. Tokyo, capital do Japão e sede do evento, fez um espetáculo à parte na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, com um evento harmonioso, impactante, moderno e sem grandes momentos alegres, respeitando a dor dos familiares que perderam entes queridos na pandemia.
Um evento dessa magnitude, que reúne os melhores atletas do mundo em diferentes modalidades, e transmitido para praticamente todas as nações, nos brinda com inúmeros exemplos de liderança e gestão de pessoas. Compartilho seis inspirações que as Olimpíadas podem proporcionar para o mundo empresarial:
- Trabalho em equipe: são incontáveis os exemplos de times (organizadores, voluntários, comitivas, atletas, etc) que se formam e atuam em parceria para alcançar os objetivos desejados. A apresentação de cada país na cerimônia de abertura é apenas uma parte disso, conseguimos ver muito trabalho em equipe dentro e fora do esporte. As modalidades coletivas como futebol, vôlei, basquete, atletismo, ginástica artística nos apresentam exemplos de realização e engajamento. Aqui cabe destacar características de uma equipe: senso de pertencimento, relações de confiança e propósito comum.
- Liderança: cada treinador(a), cada capitão de time, cada líder informal da equipe exerce um papel de liderar a equipe, como engajar as pessoas para o resultado, comunicar e conectar as pessoas em suas atividades, ser exemplo e inspiração. Conseguimos encontrar diferentes estilos de comandar e liderar as equipes. Bernardinho e José Roberto, técnicos de vôlei, são vencedores e levaram o Brasil ao ouro como atletas e técnicos, mas possuem estilos completamente diferentes entre si.
- Resiliência: quantos atletas estão indo pela sua 1a vez aos jogos, e quanto deve gerar aquele nervoso mais próximo do momento da competição? E mesmo aqueles, que estão na sua segunda, terceira vez nas Olimpíadas, que não conseguiram o tão sonhado ouro? O equilíbrio emocional é uma habilidade fundamental para quem representa seu país, compete em alto nível com os melhores do mundo, e que precisa colocar a cabeça no lugar, com foco e concentração para não se perder nos momentos únicos de sua vida profissional. As duplas brasileiras de vôlei de praia, masculino e feminino, já entram como favoritas em suas modalidades, mas não basta ter talento e habilidade, é preciso ter resiliência.
- Alta performance: até você chegar aos jogos olímpicos, é preciso alcançar resultados muito desafiadores, para que você tenha a possibilidade de ir as Olimpíadas. Quando chega lá, zera tudo. Todos estão em iguais condições até que se inicie a disputa. O sarrafo é lá em cima e você precisa ser melhor. Melhor que os outros e melhor que você mesmo, no seu melhor desempenho até então, para ter mais chances de conquistar um lugar ao pódio. Você precisará de hard skills – competências técnicas associadas ao esporte (saber correr, nadar, saltar, pular) e de soft skills – competências humanas como inteligência emocional, comunicação, equilíbrio mental. Um dos maiores exemplos é o time de natação dos Estados Unidos, cujo maior destaque foi o nadador Michael Phelps, recordista de medalhas na natação em todos os jogos olímpicos.
- Planejamento: nenhum competidor de alto nível consegue chegar às Olimpíadas apenas com um desempenho de destaque nas provas que valem vaga. Atletas e equipes de alta performance começam a se organizar e planejar a rotina de treinos anos antes dos jogos. Organização de exercícios, planejamento de rotina e administração do tempo, uso de dados para melhorar performance e treino, treino e treino. Quando a China se candidatou a receber os jogos olímpicos em 2008, 12 anos antes, iniciou um trabalho de desenvolvimento de modalidades esportivas nas escolas. Desde então, a China figura entre os países com mais medalhas de ouro, prata e bronze a cada edição. Não é sorte.
- Superação: o esporte olímpico é fantástico em proporcionar exemplos inspiradores. Gabriela Andersen-Schiess, a corredora suíça que se arrastou para finalizar a maratona em 1984, ou mesmo o Vanderlei Lima, corredor brasileiro que ao final da prova foi segurado por um invasor na maratona, perdeu o ritmo e o ouro, mas foi até o fim e conquistou o bronze. Falando em esportes coletivos, o vôlei de quadra e o futebol do Brasil obtiveram medalhas de ouro na edição passada, mas quem disse que as conquistas foram fáceis? Superar limites das próprias capacidades para alcançar um sonho é a grande motivação de milhares de atletas.
Que o esporte continue sendo capaz de produzir mais e mais exemplos de liderança, trabalho em equipe e gestão de pessoas. E que nós tenhamos a capacidade de manter a chama acesa, em busca da nossa melhor versão de si.
(*) É membro dos Empreendedores Compulsivos, Trainer de Comunicação, Propósito e Performance, e tem como foco ajudar pessoas a desenvolverem competências de comunicação para potencializar engajamento e resultados com equipes e clientes. Possui mais de 20 anos de carreira, agrega experiências e conhecimentos em empresas nos setores de Agronegócio, Automobilístico, Alimentos e Bebidas, Comércio, Construção, Farmacêutico e Químico, Financeiro e Seguros, Papel e Celulose, TI e Telecom, Varejo. É especialista em temas relacionados à Comunicação, Liderança, Gestão de Equipes de Alto Desempenho e Gestão de Conflitos, Vendas, Negociação e Articulação de Soluções.