Renato Martinelli (*)
Entre os diversos papéis que líderes devem desempenhar no contexto organizacional, um deles é a entrega de resultados. Em outras palavras, bater as metas. A cultura organizacional exclusivamente focada em resultados está tão presente no meio empresarial, e naturalmente, isso traz impactos na liderança e na forma como as relações se desenvolvem nesse contexto.
É possível dizer que em algumas empresas, a cobrança em cima das metas é tão forte nesse sentido que muitas vezes parece que o papel dos gestores se limita apenas a entregar os números. Bate a meta, está dentro, não bateu, está fora. Simples assim. A esse respeito, não importa como a pessoa se comporta como gestor, ou como foi seu processo de desenvolvimento, como atua com os liderados ou como lida com conflitos com a equipe, basta atingir o objetivo. Particularmente, não consigo resumir uma avaliação de desempenho de forma tão simplista e rasa como essa.
Estudos mostram que bons líderes contribuem de forma positiva e decisiva, junto com suas equipes, para alcançarem resultados. Entretanto, nem sempre a liderança é uma influência positiva. Existem gestores que prejudicam o desempenho da equipe, a produtividade cai e o ambiente de trabalho fica negativo.
Dois fatores devem ser considerados para analisar a liderança da sua organização. A entrega de resultados é um deles, mas também precisamos observar como são os comportamentos desses líderes, e sua aderência em relação aos valores organizacionais, como ética e respeito. Dessa forma, produzi um quadro que mostra o encontro desses fatores em 4 tipos de perfis de líderes:
Entregar os resultados esperados pode depender de uma série de fatores, além da competência como líder frente a uma equipe. A capacidade de influenciar pessoas, visão estratégica e analítica, gestão de processos e recursos, além de outros tantos pontos podem servir como reflexão para o desenvolvimento contínuo do líder. Contudo, fatores externos também podem impactar o alcance das metas, como mudanças na política e na economia, movimentos da concorrência e avanços tecnológicos.
Saber se comportar, de forma alinhada com os valores da organização, é ser exemplo para todos, da equipe e de fora dela. Gestores representam a empresa e a alta liderança em pessoa, constroem a marca e perenizam a imagem da organização. Ter atitudes e comportamentos alinhados com o compliance dependem exclusivamente da pessoa.
Dos 4 perfis que menciono no quadro, creio que o mais difícil de lidar e tomar decisões é aquele tipo de líder que entrega os resultados e bate as metas, mas seu comportamento passa longe do ideal. Existe uma certa tentação de manter esses gestores na estrutura, pois eles batem metas e substituí-los pode gerar uma queda nos resultados. A questão é que enquanto se faz um trabalho interno para que todos pautem sua atuação pelos valores, a empresa mantém aquele gestor que não se encaixa mais nos valores. Isso chama-se hipocrisia, e a equipe normalmente não digere bem essas decisões.
Prefiro trabalhar com pessoas que sejam confiáveis e que sirvam de exemplos. Afinal, o cenário de mercado pode mudar, mas as bases de valores não devem mudar para construir e manter relações saudáveis com a equipe e públicos externos. Uma relação transparente, com confiança mútua, valores sólidos e alinhados à organização é um bom começo para uma parceria de muitos anos.
(*) É membro dos Empreendedores Compulsivos, Trainer de Comunicação, Propósito e Performance, e tem como foco ajudar pessoas a desenvolverem competências de comunicação para potencializar engajamento e resultados com equipes e clientes. Possui mais de 20 anos de carreira, agrega experiências e conhecimentos em empresas nos setores de Agronegócio, Automobilístico, Alimentos e Bebidas, Comércio, Construção, Farmacêutico e Químico, Financeiro e Seguros, Papel e Celulose, TI e Telecom, Varejo. É especialista em temas relacionados à Comunicação, Liderança, Gestão de Equipes de Alto Desempenho e Gestão de Conflitos, Vendas, Negociação e Articulação de Soluções.