Renato Martinelli (*)
Parece história de filme. O protagonista principal se vê sozinho, no meio de uma ilha, tentando fazer tudo sozinho. Os recursos são limitados, a sobrecarga de trabalho é enorme, muitas prioridades para serem tratadas simultaneamente. No cenário adverso e hostil, falta gente, tempo, energia e disposição para realizar tudo o que precisa. Se você acha que estou falando do personagem de Tom Hanks no filme Naufrago, errou. A história é do gestor centralizador, que não delega, que se envolve em tudo e não faz o que mais precisa: atuar como líder.
Muitos gestores, em sua primeira experiência na posição de líder, confundem as atribuições do novo cargo. Foram promovidos pelas entregas que fizeram até o momento do reconhecimento e promoção, passam a ter uma função como lider, mas permanecem na atuação com especialista. Esse é apenas um dos problemas. Mais do que nunca, é necessário compreender que como líder é preciso trabalhar com a equipe, apoiando-se no tripé da execução: Estratégias, Processos e Pessoas.
Mais do que saber quais são os pilares da execução, é preciso entender como fazer isso na gestão de negócios e pessoas. Na prática, a teoria é outra, não dá para ficar só nas definições. São inúmeras falhas que acontecem durante a rotina de gestão.
Como as lideranças podem desenvolver com suas equipes a Execução com foco nos 3 pilares que permitirá alcançar os resultados desejados em linha com as melhores práticas?
Nas Estratégias, é fundamental conhecer o Planejamento Estratégico da organização, caso não faça parte do grupo de gestores que participam da construção e/ou revisão do plano. A partir desse conjunto de informações, o líder deve:
- compreender como a área na qual é responsável se conecta com as demais áreas para entregar o plano (e não fazer a gestão de silo, pensando somente na sua área)
- definir as diretrizes para a área
- trabalhar a gestão de negócio para desdobrar metas com cada liderado
- incentivar equipe a desenvolver seu plano de ação para entregar as metas
- alinhar indicadores de performance com as expectativas da alta liderança
- acompanhar execução do plano, oferecendo suporte sempre que necessário
Nos Processos, o líder deve entender que parte da sua responsabilidade é transformar o negócio, e para isso, nem sempre manter as coisas como são é a melhor alternativa. Decisões devem ser parte da rotina diária, incluindo a atuação da liderança em:
- conhecer os processos e compreender seus impactos na cadeia de valor da organização
- questionar os procedimentos, incentivar a equipe a inovar e resolver os desafios com formas mais produtivas, eficazes e eficientes
- não aceitar posturas passivas e de conformismo de integrantes do time
- apoiar na definição e revisão de prioridades para execução dos processos
- contribuir para que os processos consigam traduzir a visão sistêmica em alinhamentos e sinergias internas
E com as Pessoas, elemento central, a liderança deve conhecer muito sobre cada membro do seu time, pois não executa nada sozinho e a liderança centralizadora se esgota quando tem tanta sobrecarga de trabalho e falta tempo para fazer as entregas. Nessa perspectiva, recomendo que as lideranças coloquem em prática ações como:
- desenvolver a comunicação para construir vínculos de confiança
- entender o nível de habilidades e capacidades de cada pessoa x tamanho do desafio
- estimular o trabalho em equipe e o senso de colaboração na área e entre departamentos
- conhecer as motivações de cada indivíduo e conectar com o propósito da organização e os objetivos estratégicos, para potencializar o senso de realização
- investir tempo e recursos para treinar e capacitar pessoas para desenvolver habilidades importantes para o momento atual e futuro
- monitorar o desempenho e o comportamento das pessoas, para que possa oferecer ajuda e feedbacks com frequência, melhorando motivação e performance
Como líder, é preciso servir ao seu time, contribuindo para o que desenvolvimento e crescimento profissional que ajudem a melhorar a execução e entregar os resultados. Agora, é mais do que necessário refletir sobre a dedicação de tempo que você está alocando em cada um dos pilares da Execução, como mostro no gráfico.
Ao analisar a proporção de cada lado, você pode até pensar que no seu presente momento, sair do operacional é praticamente impossível, né? Aí te pergunto, você está fazendo papel de líder ou de liderado?
(*) É membro dos Empreendedores Compulsivos, Trainer de Comunicação, Propósito e Performance, e tem como foco ajudar pessoas a desenvolverem competências de comunicação para potencializar engajamento e resultados com equipes e clientes. Possui mais de 20 anos de carreira, agrega experiências e conhecimentos em empresas nos setores de Agronegócio, Automobilístico, Alimentos e Bebidas, Comércio, Construção, Farmacêutico e Químico, Financeiro e Seguros, Papel e Celulose, TI e Telecom, Varejo. É especialista em temas relacionados à Comunicação, Liderança, Gestão de Equipes de Alto Desempenho e Gestão de Conflitos, Vendas, Negociação e Articulação de Soluções.