Augusto Roque (*)
Em um mundo em rápida transformação, tudo ficou mais ágil, mais rápido, mais tecnológico. Menos o ser humano, propriamente dito, que busca se adequar a essa velocidade combinando o uso das ferramentas tecnológicas com o prazer e a “auto-conexão”, ou seja, a busca constante pelo bem-estar está fazendo parte dos objetivos pessoais e organizacionais neste novo século.
Olhando o cenário acima citado, começamos a perceber que organizacionalmente as pessoas também tentam equilibrar o ritmo ágil, dinâmico com o relacionamento interpessoal e o seu bem-estar. Com o excesso de informações, de dados e conteúdos, ficamos suprimidos no essencial: o pensar. E acabamos não usufruindo aquilo que é melhor no ambiente de trabalho: o bem-estar, gerando falta de engajamento do colaborador.
Lidar com a felicidade no trabalho e a saúde mental dos colaboradores é um desafio contínuo dentro das organizações (alô RH!). Há uma busca constante para descobrir o que mantém as pessoas motivadas, engajadas e felizes, afinal segundo pesquisa da ADP Research, apenas 18% dos trabalhadores brasileiros estão totalmente engajados.
Neste momento, entra em cena o conceito de felicidade no trabalho. Felicidade é um estado de espírito, vivenciado diariamente pelas pessoas. Já Felicidade no Trabalho, seguindo os conceitos de Seligman (2012), é um estado de espírito organizacional que envolve as emoções positivas, engajamento e sentido na vida dentro da organização (senso de propósito). Ou seja, quando falamos de felicidade no trabalho e bem-estar, estamos falando também de satisfação com a vida profissional.
Você já parou para pensar se realmente é feliz no trabalho? Se a organização em que trabalha (ou a sua) proporciona um ambiente propício ao engajamento do colaborador? Ou ainda se promove ações práticas voltadas à Felicidade no trabalho?
Por mais que precisamos entender que não este mundo nem organizações perfeitas, existem práticas possíveis de serem realizadas para os colaboradores se sentirem mais felizes. De acordo com estudo da Robert Half (2018), as empresas mais bem-sucedidas são justamente as que possuem colaboradores assim: motivados, engajados e felizes. Estes, por sua vez, tendem a ser mais leais, produtivos e criativos. Engana-se, no entanto, quem entende a felicidade no trabalho como uma série de tarefas concluídas e que geram apenas motivação. Trata-se também de se sentir parte da organização, estar alinhado aos valores da empresa e em especial à cultura da organização.
felizes o tempo todo, mas pode garantir melhores resultados de negócios. Segundo pesquisas da Harvard Business Review e da Universidade da Califórnia, promover a felicidade no trabalho pode gerar um aumento de 85% na eficiência do colaborador e de 20% no faturamento organizacional!
Dentre as ações que podem ser realizadas pelas organizações para construir e desenvolver um programa de Felicidade no Trabalho está a aplicação do Índice de Felicidade no Trabalho. O índice de felicidade no trabalho é uma métrica, realizada digitalmente, que permite que as empresas possam medir a satisfação, engajamento e promoção das organizações por seus colaboradores, além de realizar a correlação com a produtividade da sua vida profissional e ambiente organizacional.
Através dele é possível identificar (e comparar com outras empresas) as questões de Entusiasmo e Bem-Estar, Engajamento, Orgulho de pertencer, Reconhecimento e Produtividade.
Desta forma, realizar a medição do índice de felicidade no trabalho é importante para as organizações e para o RH, já que a felicidade está diretamente relacionada ao desempenho e produtividade dos colaboradores, além da gestão da marca empregadora (employer branding) das organizações.
Para desenvolver um programa robusto de Felicidade e bem-estar, a empresa pode seguir os seguintes passos:
Confecção do Índice de Felicidade no Trabalho
Análise dos constructos da Felicidade no Trabalho:
o Entusiasmo e Bem-Estar
o Engajamento
o Orgulho de pertencer
o Reconhecimento
o Produtividade
Desenvolvimento de programas voltados ao Bem-Estar funcional
o Felicidade no Trabalho
o Bem-estar Físico e Saúde Alimentar
o Inclusão Social (relacionamentos)
o Saúde Emocional (emoções positivas) e Mental
o Espiritualidade (significado)
o Saúde Financeira
o Realização
Além disso, é necessário capacitar seus líderes em habilidades socioemocionais, começando pela empatia, sem esquecer, é claro, de ter um gestor que organizará e acompanhará, dentro da empresa, todo o programa de Felicidade no Trabalho.
Ao praticar a felicidade no trabalho, as empresas ganham colaboradores dedicados que encaram os objetivos do negócio como se fossem seus próprios. Além disso, é o nível de satisfação das pessoas que determina o clima organizacional e molda toda a cultura da empresa.
Ao seguir estes passos, a empresa caminhará de forma segura para garantir a efetividade de um programa de felicidade e bem-estar no trabalho, construir ambientes com segurança psicológica, confiança e empatia, além de desenvolver lideranças mais humanas, que reconhecem e valorizam os colaboradores refletindo diretamente no crescimento do negócio!
(*) É CMO dos Empreendedores Compulsivos, Sócio da Molécula Consultoria, especialista em Employee Experience, Felicidade, RH 4.0 e Experiência do Consumidor, com mais de 20 anos de experiência como executivo, palestrante, professor e consultor. Tem Mestrado em Bem-Estar e Inovação pela FEI-SP e é bacharel em Administração pela FEI-SP. Autor do livro Empreendedorismo publicado pelo ESPRO.