Costábile Matarazzo (*)
Para começar, um pouco de contexto: escrevo este artigo durante o isolamento social imposto pelo COVID-19. Neste exato momento mesmo quem nunca pensou ou refletiu sobre home office foi obrigado a fazê-lo. Os colaboradores e as famílias não estavam preparados para esse movimento repentino, assim como os líderes corporativos também não – técnica e emocionalmente. Parece que a internet das residências também não estava preparada!
Já é consenso dos especialistas que depois de tudo normalizado – mesmo considerando que ninguém sabe ao certo quanto tempo esta situação persistirá – muita coisa será diferente. Da forma usual de consumo à circulação indistinta de pessoas entre cidades e países, muita coisa mudará. Diante deste cenário uma das rotinas mais impactadas será o equilíbrio entre o escritório e o home office. Além disso, a pergunta de ouro: qual será o papel dos líderes diante deste novo cenário, nunca antes vivido?
Neste período de quarentena os profissionais e os líderes foram bombardeados com um sem-número de informações. Não faltam livros, artigos como este, resumos curtos ou longos, cursos, posts e podcasts, os intermináveis memes e as centenas de lives, etc, quase gerando uma obesidade mental. É tanta informação e conteúdo que não sabemos por onde começar!
Para empresas e líderes pouco conectados ou para aqueles gestores que pouco confiam em seus times o distanciamento do home office pode gerar sentimentos diversos, causados tanto pela percepção de perda de controle como por uma falta de um follow-up presencial mais constante, deixando ali a infinita dúvida sobre a qualidade da entrega dentro prazo. A preocupação com as horas trabalhas também é um indicador de falta de confiança ou perda do foco no resultado – este não é um home office tradicional, estruturado e planejado – tudo aconteceu de repente. Fique de olho: não há que se cobrar horas trabalhadas; e sim cumprimento dos prazos no nível de qualidade combinado previamente. Para estes, um recado: menos é mais e o óbvio não existe – combinem tudo, deixem claro o que é esperado.
Para empresas e líderes adeptos da gestão remota e que já estão acostumados com esse movimento o processo pode ser menos doloroso, mas igualmente desafiador. Se antes a rotina do home office era uma escolha, hoje é uma obrigação. A vantagem é que este gestor já aprendeu a cobrar resultados e instituiu rituais e rotinas de acompanhamento à distância – como reuniões periódicas e o uso de alguma ferramenta virtual de follow-up. No atual momento, estes gestores já começaram a perceber que seu time precisa mais de apoio emocional do que direcionamento técnico e monitoramento a cada 30 minutos!
E é justamente neste cenário complexo que se inaugura uma importante temporada de treinamento e desenvolvimento dos colaboradores. Num mundo onde a informação é infindável e muitas vezes de baixa qualidade, é papel das empresas e dos gestores selecionar alguns temas técnicos e comportamentais, oferecendo direcionamento e clareza.
É hora de treinar! É hora de começar aqueles programas de desenvolvimento. Dê foco e direcionamento para sua equipe. Aproveite para “afiar o machado”. Os mais bem preparados sairão na frente quando a quarentena acabar.
Para analistas e especialistas a recomendação são os cursos técnicos como Excel, PowerPoint, lógica, matemática financeira e finanças pessoais, além de cursos específicos da área de atuação, como por exemplo AutoCad, legislação trabalhista ou fiscal, softwares de gravação e edição, softwares ERP como SAP, TOTVS ou outro qualquer.
Para novos líderes nossa aposta é em autoconhecimento, comunicação assertiva e papel do líder, abordando as angústias e desafios da transição para a primeira gestão. É preciso trazer clareza para este novo papel.
Para líderes mais experientes a sugestão é autoconhecimento – ainda falta, e muito!, vieses inconscientes das tomadas de decisão, visão sistêmica e definição de metas e prioridades que estejam conectadas com a realidade do negócio e da operação – muitas vezes essas definições são feitas ignorando a situação da ponta.
Para todos os públicos a sugestão é que a liderança estimule a leitura. Ler faz bem e amplia os horizontes.
É hora de trainar. Sigamos em frente!
Vamos nos falar? Me escrevam: [email protected]
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(*) É autor do livro “Os desafios da primeira gestão”. É Consultor e facilitador, administrador com especialização em Consultoria Empresarial pela PUC-SP e MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Faz parte da iniciativa Empreendedores Compulsivos e é Empreteco pelo SEBRAE/ONU. É certificado em metodologia do Ciclo de Aprendizagem Vivencial pelo CEFE International e Didática e Prática do Ensino Superior pelo Instituto Nacional de Pós-Graduação. É Action Learning Coach pela Wial Brasil e Coach formado pela Sociedade Latino Americano de Coaching.