Octavio Alves Jr. (*)
Comparar-se aos outros é um hábito extremamente tóxico, serve apenas para detonar a sua autoestima e te deixar infeliz, frustrado(a) e ansioso(a). Como disse certa vez Ernest Hemingway: “Não há nada nobre em ser superior ao seu semelhante. A verdadeira nobreza é ser superior ao seu antigo eu”, que tremendo golaço deste escritor e jornalista norte americano que nasceu em 1899.
Comparar-se com qualquer outra pessoa é como comparar uma banana com um abacate. Embora fisiologicamente sejamos todos iguais, precisamos comer, dormir e tomar água, embora tenhamos sido concebidos da mesma maneira (espermatozoide + óvulo) e, embora todos experienciemos os sentimentos como o medo, a alegria, e a tristeza da mesma forma.
Cada um de nós tem uma mistura de crenças, valores, experiências, sonhos, vitórias, derrotas, erros, acertos, personalidades, competências e objetivos que é somente nossa, isto faz com que nossas ideias, pensamentos, conhecimentos e nossa abordagem para a solução de problemas sejam únicos. Neste sentido, nunca existiu, não existe e jamais existirá uma outra pessoa igual a você. Reconheça e valorize a sua singularidade!!
É verdade que outras pessoas são melhores do que nós em certas competências e habilidades e está tudo bem! Os méritos delas não diminuem os nossos.
A minha crença é que somos seres espirituais tendo uma experiência terrena e neste sentido, cada um de nós tem uma jornada diferente para percorrer, a duração destas jornadas é diferente, o destino destas jornadas pode ser completamente diferente. Cada um de nós tem determinados pontos específicos para desenvolver, carmas diferentes para lidar e emaranhamentos diferentes para equacionar. Neste sentido, a comparação da Juliana com a Renata é completamente descabida.
As pessoas omitem fracassos, mascaram dores e disfarçam frustrações ao mesmo tempo que ressaltam vitórias, valorizam-se com “mentirinhas” e tratam a própria imagem em aplicativos embelezadores, pintando com tintas coloridas e vívidas uma realidade que muitas vezes é bastante áspera e sem graça.
Além disto, sempre que você se compara com alguém, você sairá perdendo. Pois neste jogo, você compara o seu bastidor com o palco do outro. Qualquer palco “meia boca” parece melhor do que o mais organizado, limpo e iluminado bastidor. Você já invejou os outros por suas casas lindas e confortáveis e por seus carrões estilosos e potentes? E depois ficou sabendo que eles estavam falidos ou tão endividados que não podiam pagar suas contas.
Esta vida que escolhemos viver (eu acredito que nós escolhemos viver a vida que vivemos), é uma corrida da gente com a gente mesmo. Nosso objetivo deve ser hoje estar melhor do que estávamos ontem e amanhã estarmos melhores do que estamos hoje. Quando caminhamos a cada dia para mais perto dos nossos sonhos, nos sentimos plenos e realizados, não havendo espaço para comparações fúteis e infrutíferas.
Nós temos a tendência de comparar as nossas fraquezas com as fortalezas dos outros, o que temos de pior com o que o outro tem de melhor. Sendo que este “o que outro tem de melhor” é algo percebido sob o nosso ponto de vista, logo não é a verdade verdadeira. Em qualquer comparação você ficará sempre para trás, pois você buscará naquele alguém, algo que ele(a) é melhor do que você.
Você pode estar no começo da sua jornada e a outra pessoa pode já estar no final da dela. A jornada dela pode ser de 2 anos, enquanto a sua pode ser de 2 décadas, isto vai depender do ponto onde cada um está naquele instante e qual é o sonho que cada um persegue. Mas você não tem todas estas informações e fará uma análise absoluta de uma situação que é relativa e sempre te colocará em desvantagem.
Por tudo isto, as comparações apenas drenam a sua energia, te desmotivam, te deixam para baixo, sem contribuir em nada para que você se aproxime do lugar que o seu coração quer que você esteja. Muito cuidado com os jantares, festas e viagens que você vê nas redes sociais, a verdade virá à tona depois de tirada aquela foto, mas você não estará para conhecê-la.
Comparações sociais constroem ressentimentos e lamentações. Em vez de torcer pelo sucesso dos outros, de repente você pode ver-se competindo com eles e talvez desejando que eles não se saiam bem. Coloque o seu foco em se divertir e aproveitar a vida. Teremos entendido as coisas quando nos enchermos genuinamente de alegria vendo o sucesso alheio.
Boa reflexão para todos!!
(*) Membro dos Empreendedores Compulsivos, Executivo internacional com larga experiência em vendas, marketing e desenvolvimento de negócios. Master practitioner em programação neurolinguística (SBPNL). Alumni do IBGC e da Kellogg School of Management. Cursos executivos na Sloan MIT School of Management e na Singularity University. Professor convidado nos cursos de pós-graduação da FGV. Criador de conteúdos em áudio e vídeo sobre Liderança e Desenvolvimento Pessoal no LideraCast. Trabalhos de Expansão de Consciência e xamanismo no Instituto Tadashi Kadomoto, Instituto Cambará e O&O Academy.
Obrigado pelo texto. Boa reflexão, mas quero acrescentar um ponto:
Comparar-se com os outros pode ter um lado positivo que gera movimento: como você mesmo disse, há diferenças em competências e habilidades de cada pessoa (ainda bem!) e a avaliação construtiva desses gaps pode nos trazer alguma direção para perseguir os nossos objetivos. Há pessoas que te inspiram? Ok, avaliar a trajetória dessas pessoas e a sua trajetória levando em consideração valores, crenças, cultura e contexto social, pode ser importante para tomar decisões que vão ao encontro de seus objetivos.