Não existe nada tão global quanto o futebol!
Mesmo não sendo “consumido” no mundo todo, todo mundo sabe da sua existência e reconhece quando o vê, assim como a latinha vermelha com a onda branca, da Coca-Cola, ou o excesso de “os” do Google.
Podemos fazer uma analogia entre a Copa do Mundo e o mercado global, além da guerra entre as empresas fabricantes de material esportivo, ou dos patrocinadores da Copa, de cerveja a fabricantes de veículos, com investimento individual a partir de 100 milhões de dólares. AB-InBev, McDonalds, Qatar Airways, além de Coca-Cola, Hyundai e Visaque têm contrato permanente com a Fifa. Nada abaixo de 300 milhões de dólares por edição da copa.
O futebol está dividido em campeonatos e o mercado está dividido em Níveis de Abrangência. Há o Campeonato Estadual (Mercado Doméstico ou Regional); o Campeonato Brasileiro (Mercado Nacional); o Campeonato Sul-americano ou a UEFA (Mercado Multinacional) e a Copa do Mundo (Mercado Global). Esses conceitos de mercado são facilmente percebidos na analogia.
Nem todos os times dos campeonatos estaduais participam dos campeonatos nacionais, e assim evoluem, até chegar a poucas empresas/times/países, que participam do mercado globalizado. Podemos ainda identificar nichos nos mercados domésticos, como a 2a. e 3a. divisões, onde há um outro público envolvido, com outros produtos/times, além dos campeonatos de futebol de várzeaou nos condomínios residenciais, equivalentes ao mercado informal. Isso sem falar dos vídeo-games, os e-sports, (vendas pela internet) que substituem o prazer do jogo quando não se pode jogar de verdade.
Assim como nem todas as startups de market place ou fintechs serão unicórnios, mesmo que muitos queiram, muitos comércios locais serão sempre locais, mas extremamente relevantes para a comunidade, como aquele time de várzea que une o bairro.
Quanto à gestão, é necessário um grande líder, visionário, focado no futuro e determinado a seguir seus objetivos, sua estratégia, que será transmitida à empresa/time por ele e seu staff. Será que esse é o Tite?
E se a equipe da empresa/time de hoje, para sobreviver no mercado/campeonato precisa de determinadas habilidades, podemos destacar algumas:
Comprometimento – envolvido ou comprometido? A diferença faz toda a diferença… Estou envolvido no clima da copa, mas não me comprometo com os resultados, nem com os treinos de manhã bem cedo e muito menos com o estudo do adversário/concorrência. Faço parte da equipe e meu esforço é uma fração do sucesso alcançado pela empresa ou apenas cumpro ordens e “bato meu cartão”?
Inovação – se não existir o esforço de mudança, ousadia e inovação, sua vantagem competitiva será obsoleta, já conhecida pelo mercado e pela concorrência. De que vale um jogador que sabe um único drible? Ou um time de uma única estrela?
Estratégia – sem ela a empresa/time vive somente para o agora, sem visão de longo prazo. Ganha um jogo nas eliminatórias, mas jamais chegará à final da Copa;
Competência – é a capacidade entender a coisa certa a ser feita e fazer. Entregar resultado mostrando conhecimento e experiência sobre a tarefa, o desafio. Seja na linha de frente, atacando/vendendo, ou na retaguarda, defendendo/produzindo.
Essa competência só vem através do conhecimento de variáveis como as atribuições de jogador/executivo, o ambiente onde estou competindo e o adversário/concorrência.
Porém nada mais está sozinho, ou sem conexão com outros ambientes. Oscilações nos EUA, na Europa, ou a guerra na Ucrânia, impactam diretamente em nosso país, em maior ou menor escala.
Os jogadores são como produtos, consumidos em diversos clubes/mercados. A equação clássica de valor abaixo, pode ser adaptada para o mundo futebolístico.
Se Valor é igual a Benefício Percebido dividido pelo preço e apesar de não podermos somar variáveis de grandezas diferentes, ousaria, para o futebol, apresentar a equação abaixo:
E para concluir, não podemos esquecer do exemplo do nosso eterno capitão Cafu, que sendo visto por bilhões de espectadores, dá-nos um perfeito exemplo da coexistência Global e Local ao estampar em sua camisa pentacampeã mundial, a frase “100% Jardim Irene”.
Você está preparado para jogar onde? Vai de várzea ou já consegue jogar no campeonato estadual? Tem um plano para chegar no Brasileirão? E não esqueça que todo mundo, de vez em quando, gosta de jogar online. Afinal, a pandemia provou que todos podemos dar uma jogadinha no e-commerce.
Alessandro Saade – Fundador dos Empreendedores Compulsivos, é também executivo, autor, professor, palestrante e mentor. Possui mais de 30 anos de experiência atuando com grandes empresas e startups brasileiras, tornando-se referência no universo do empreendedorismo no Brasil. Formado em Administração pela UVV-ES, com MBA em Marketing pela ESPM e mestrado em Comunicação e Mercados pela Cásper Líbero, especializou-se em Empreendedorismo pela Babson College e em Inovação por Berkeley. Atualmente é Superintendente Executivo do ESPRO, instituição sem fins lucrativos que há 40 anos oferece aos jovens brasileiros a formação para inserção no Mundo do Trabalho.