O mundo pós-moderno é tempo privilegiado de sutilezas e paradoxos
Dentre eles, um me desperta a atenção: trata-se do sentimento de dívida que os tempos modernos costumam trazer aos seres humanos em geral. Chega-se ao final do dia, ou de algum outro período estabelecido cronologicamente, com a sensação de que não se escolheu a coisa certa e nem se realizou tudo aquilo que havia sido planejado. Fosse só em relação às coisas, mas a sensação de débito se dá também em relação às pessoas. Amigos que deixamos de ver por longos períodos de tempo, parentes que se tornam cada vez mais distantes…
A tecnologia colocada à disposição deveria facilitar a vida dos gestores, fazendo com que tivessem mais tempo para planejar ações e gerenciar pessoas. Por vezes, seu efeito é contrário podendo manter o líder preso à sua mesa, tornando sua gerencia fria e desumanizada. A capacidade de gerenciamento se faz necessária em meio ao turbilhão de e-mails e telefonemas que chegam o tempo todo. Saber filtrá-los e procurar responder a eles pessoalmente pode ser uma boa saída e excelente exercício de presença. O dia-a-dia organizacional requer cuidados para que não se desumanize o gerenciamento e as relações interpessoais. Um espaço no qual a conversa franca e o olho no olho vai cedendo espaço para a comunicação escrita, mesmo quando o remetente está a poucos metros do destinatário da mensagem.
Vivemos em um cenário onde a simplicidade dá espaço à complexidade, que acaba se tornando mais valorizada. Por isto, a tomada de decisão demanda análises e olhares mais acurados, trazendo maior comprometimento e responsabilidade para quem as toma. A habilidade de discernir constantemente se faz necessária para que o executivo mantenha sua integridade e não seja acometido por níveis de stress excessivos que podem levá-lo doenças graves.
É Consultora e Coach, Mestre em Serviço Social pela PUC-SP com foco em sustentabilidade, Pós-graduanda em Psicologia Transpessoal pela Alubrat.
Desenvolver a habilidade do discernimento é fundamental para a saúde e o sucesso das pessoas e das organizações. Discernir vai além de observar, é desenvolver a capacidade de estabelecer uma interação apropriada com o ambiente interno e externo, dentro e fora de si, ancorando-se em valores essenciais, para evitar agir de forma inconsciente, apenas para se adaptar a um cenário pré-estabelecido. Pessoas e organizações que exercitam esta competência tornam-se protagonistas e agem antes que um novo cenário se estabilize.
Agem ainda na configuração do cenário. Assim, raramente são surpreendidas. Mesmo ocorrendo surpresas, estão preparadas para enfrentar os desafios e lidar com eles de maneira construtiva, aprendendo sempre.
O discernimento não se dá na escolha entre uma coisa boa, mediana ou ruim. Discernir é possuir a aptidão de se escolher, dentre os muito sentidos bons ou razoáveis de algo, aquele que leve ao melhor caminho para a organização e consequentemente para as pessoas que dela fazem parte.
Algumas dicas para refletir sobre a habilidade do discernimento:
• Quando estou diante de uma situação de escolha, quais são os critérios internos (valores) que me dão base para uma escolha que me traz paz e conforto interior?
• Que qualidades eu reconheço em mim que me ajudam a seguir na direção do meu coração? E que pontos eu preciso melhorar para seguir nesta mesma direção?
• Eu e minha organização aproveitamos as oportunidades e os acontecimentos em favor de nosso crescimento e de nossa missão?
Um texto que com certeza fará eco em muitas mentes e corações.
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Rebeca Toyama
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