Discernimento nas Organizações

em Marina M. Mendes
terça-feira, 29 de outubro de 2013
marina mendes

O mundo pós-moderno é tempo privilegiado de sutilezas e paradoxos

Dentre eles, um me desperta a atenção: trata-se do sentimento de dívida que os tempos modernos costumam trazer aos seres humanos em geral. Chega-se ao final do dia, ou de algum outro período estabelecido cronologicamente, com a sensação de que não se escolheu a coisa certa e nem se realizou tudo aquilo que havia sido planejado. Fosse só em relação às coisas, mas a sensação de débito se dá também em relação às pessoas. Amigos que deixamos de ver por longos períodos de tempo, parentes que se tornam cada vez mais distantes…

A tecnologia colocada à disposição deveria facilitar a vida dos gestores, fazendo com que tivessem mais tempo para planejar ações e gerenciar pessoas. Por vezes, seu efeito é contrário podendo manter o líder preso à sua mesa, tornando sua gerencia fria e desumanizada. A capacidade de gerenciamento se faz necessária em meio ao turbilhão de e-mails e telefonemas que chegam o tempo todo. Saber filtrá-los e procurar responder a eles pessoalmente pode ser uma boa saída e excelente exercício de presença. O dia-a-dia organizacional requer cuidados para que não se desumanize o gerenciamento e as relações interpessoais. Um espaço no qual a conversa franca e o olho no olho vai cedendo espaço para a comunicação escrita, mesmo quando o remetente está a poucos metros do destinatário da mensagem.

Vivemos em um cenário onde a simplicidade dá espaço à complexidade, que acaba se tornando mais valorizada. Por isto, a tomada de decisão demanda análises e olhares mais acurados, trazendo maior comprometimento e responsabilidade para quem as toma. A habilidade de discernir constantemente se faz necessária para que o executivo mantenha sua integridade e não seja acometido por níveis de stress excessivos que podem levá-lo doenças graves.

 
marina mendesMarina M. Mendes
É Consultora e Coach, Mestre em Serviço Social pela PUC-SP com foco em sustentabilidade, Pós-graduanda em Psicologia Transpessoal pela Alubrat.

Desenvolver a habilidade do discernimento é fundamental para a saúde e o sucesso das pessoas e das organizações. Discernir vai além de observar, é desenvolver a capacidade de estabelecer uma interação apropriada com o ambiente interno e externo, dentro e fora de si, ancorando-se em valores essenciais, para evitar agir de forma inconsciente, apenas para se adaptar a um cenário pré-estabelecido. Pessoas e organizações que exercitam esta competência tornam-se protagonistas e agem antes que um novo cenário se estabilize.

Agem ainda na configuração do cenário. Assim, raramente são surpreendidas. Mesmo ocorrendo surpresas, estão preparadas para enfrentar os desafios e lidar com eles de maneira construtiva, aprendendo sempre.

O discernimento não se dá na escolha entre uma coisa boa, mediana ou ruim. Discernir é possuir a aptidão de se escolher, dentre os muito sentidos bons ou razoáveis de algo, aquele que leve ao melhor caminho para a organização e consequentemente para as pessoas que dela fazem parte.

Algumas dicas para refletir sobre a habilidade do discernimento:

• Quando estou diante de uma situação de escolha, quais são os critérios internos (valores) que me dão base para uma escolha que me traz paz e conforto interior?

• Que qualidades eu reconheço em mim que me ajudam a seguir na direção do meu coração? E que pontos eu preciso melhorar para seguir nesta mesma direção?

• Eu e minha organização aproveitamos as oportunidades e os acontecimentos em favor de nosso crescimento e de nossa missão?

Um texto que com certeza fará eco em muitas mentes e corações.
Compartilhe seu eco conosco: [email protected].

Rebeca Toyama

 

banner js

Colabore com nossa coluna: [email protected]

Para anunciar nesta coluna ligue (11) 3106-4171 e fale com Lilian Mancuso