É incrível como alguns aplicativos podem gerar mudanças incríveis em nossos dias. Entram timidamente em nossas vidas propondo soluções para problemas que todos temos, e antes do que poderíamos imaginar nos tornamos quase que escravos de suas funcionalidades
Passa a ser difícil viver um momento glorioso sem poder compartilha-lo com os amigos através do facebook. O que dizer então de visitar um lugar lindo sem postar uma selfie no Instagram? Não tem a mesma graça.
Eduardo Moreira Autor de Encantadores de Vidas, O Encantador da Montanha e Investir é Para Todos |
Receber uma lição de moral e não poder “twitta-la” para os amigos… Desesperador! E quanto a enviar uma mensagem pelo whatsapp e saber se já foi lida ou não? Nunca tivemos tanto poder para “cobrar” uma resposta do outro assim. Mas nem todas funcionalidades destes aplicativos são de ordem social. Algumas efetivamente trazem praticidade e eficácia para nossos dias. Como é o caso do Waze, o aplicativo que promete ter sempre a rota mais rápida para nos guiar no penoso trânsito das grandes metrópoles. E que na verdade oferece muito mais do que isso…
Ouvi recentemente, de um taxista, uma interessante colocação sobre qual seria o maior ganho que o Waze trouxe para a vida dos motoristas. E curiosamente não era o fato de trazer o melhor caminho para levar condutores de um ponto a outro da cidade. Segundo ele, o maior benefício em usar este aplicativo era saber com grande acurácia o horário em que se chegará ao destino desejado. Além de permitir que o motorista se programe e adeque sua agenda para os trajetos que irá percorrer, o fato de saber que o horário previsto para chegada é o melhor que se pode fazer, retira como mágica a ansiedade do condutor. E ao retirar a ansiedade, permite que ele aproveite o caminho. Imediatamente imaginei como seria ter um Waze para as carreiras profissionais.
Ingressar em uma carreira significa percorrer uma trilha que promete levar do ponto A ao B. Da dependência à independência financeira. Do descaso ao respeito profissional. Do anonimato ao estrelato. E ao vislumbrarmos aonde queremos chegar, imediatamente surge um componente avassalador em nossas vidas: a ansiedade. Afinal não queremos apenas chegar ao destino final. Queremos chegar rápido! Mas o que é rápido? Um mês, um ano, dez anos? Ao não ter a resposta, rápido se transforma em agora. E a caminhada deixa se ser prazerosa e passa a ser agoniante, quase uma tortura. E numa atitude masoquista, raramente colocamos a culpa no “trânsito”. Achamos sempre que a culpa é do condutor, no caso nós mesmos.
Seria tão saudável saber que por mais esforço que fizéssemos, e por mais capazes que fossemos, seria impossível alcançar um objetivo profissional antes de uma data especifica. Afinal, existe um caminho que precisa ser percorrido. Carros que tem que ser ultrapassados. Sinais de trânsito que devem ser respeitados. Nos focaríamos apenas em fazer nosso melhor e em nos manter no melhor caminho. E tiraríamos de nós a ansiedade e a culpa de ainda não ter chegado lá. Curiosamente, ao tirar todo este peso das costas, o caminho ficaria mais divertido, prazeroso e fértil para o aprendizado. E ao promover essa mudança possivelmente receberíamos um aviso do Waze: “uma nova rota foi descoberta, seu tempo de percurso diminuiu”. Exatamente por deixar de ser uma preocupação…