Tem me chamado a atenção a grande quantidade de programas culinários tanto na TV aberta, quanto na TV paga: Master Chefs adultos, Master Chefs infantis, comida caseira, artista fazendo o personagem chef, sem dizer dos canais estritamente com programação culinária
No rádio também. Quase todo (senão todo) programa com mais de duas horas de duração, tem uma inserção de dicas culinárias ou mesmo receitas completas com orientação até de que bebida se deve tomar como acompanhamento.
Jornais…com cadernos só de comida. Quando não, pelo menos uma receitazinha é publicada…
Nas livrarias os livros de culinária têm hoje em dia um display de destaque, uma estante só para eles.
Sites então…infinitos!
Até exposições de arte já homenageiam a culinária!
Me lembro bem – e olha que eu não sou tãããããão velha assim – que há muito pouco tempo atrás as mulheres achavam a ideia de cozinhar feministicamente aprisionante, discriminatória, pouco elegante. Os homens então,se cozinhasse eram viado!
Que bom que esses pensamentos mudaram.
Agora cozinhar é chique, é in, quase mesmo um Cult.
Mas esse afã relacionado à comida me chama a atenção: que fome é essa, gente? Que necessidade de suprir é essa? E suprir o que?
Beth Navarro
É Psicóloga, com especialização em Ps. Transpessoal e Pós Graduação em Constelação familiar.Coaching – Mentoring – Workshops: Orientação Individual e em Grupo
Fico pensando, pois “o livre pensar é só pensar” (como dizia o grande Millôr Fernandes) que esse olhar intensificado para a comida talvez seja a necessidade de voltar a se reunir com pessoas queridas no entorno de uma mesa sem tablets, sem celulares, talvez seja a saudade de nossos antigos encontros familiares hoje tão mais raros.
Família, amigos, reuniões, encontros…isso remete à necessidade de voltar a ter uma estrutura afetiva efetiva.
Pessoas apenas “juntadas” em um ambiente não são representativas de estrutura afetiva nenhuma. São apenas um grupo de gente junto. Podem até ter um objetivo comum, mas não passa disso.
Fico pensando que o aspecto simbólico desse BOOM é a necessidade de partilhar o que é bom, de ser reconhecido pelo que faz, de ser lembrado pelo que é gostoso, de agradar a todos que ama e ser agradado por eles.
Fico pensando que nossa alma já está estafada de solidão, mas não percebeu ainda. Solidão de celulares, de emails, de facebooks…que nos enganam fazendo parecer que estamos próximos. Estamos em contato, mas proximidade afetiva…Ai que fome disso!!!!!
Como eu disse, livre pensar é só pensar…(benção velho Millôr!)
Mais uma vez só tenho questionamentos, só tenho perguntas…
Me ajudem com as respostas, por favor.
Até breve.
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Rebeca Toyama
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Coordenação: Lilian Mancuso e Rebeca Toyama