Dia mundial de combate ao abuso infantil
No ano 2000, a Fundação Cúpula Mundial da Mulher (WWSF) lançou o ‘Dia Mundial de Combate ao Abuso Infantil’, que deve ser celebrado todo dia 19 de novembro. A data tem o objetivo de chamar a atenção para o problema do abuso infantil e para a necessidade de difundir programas que possam prevenir essas práticas. Nesta comemoração participam cerca de 130 países.
Tema muito importante e que precisa sair da sombra e vir à tona para que possa encontrar a cura. Com esse objetivo, o Jornal EMPRESAS & NEGÓCIOS começa uma campanha sobre o assunto. A cada sexta-feira, de hoje até o próximo dia 17, trará várias instituições e profissionais que abordarão o assunto. Acompanhe, leia, participe! Em nosso site, todas as matérias a respeito ficarão à disposição para leitura e pesquisa por tempo indeterminado.
Somatic Experiencing para Vítimas de Violência
(*) – Francisca Suely Barcelos
É bem complexo falar em Violência hoje em dia, quando o mundo vem se ressentindo de uma onda sem fim de notícias sobre ataques de guerra, acidentes geográficos que desmontam cidades e vidas em função de tsunames, furacões, quedas de aviões (aviões que desaparecem no ar),
enchentes devastadoras, que destroem completamente muitas cidades em questão de segundos, crimes coletivos como os que acontecem em alguns países, terrorismo etc.
Quando nos atemos no dia a dia das cidades em que vivemos estamos sujeitos aos mais variados tipos de violências que permeiam as nossas relações sociais como, vítimas de assaltos, sequestros, abusos sexuais, assédio moral, desrespeito no trânsito etc.
Para falar de Estresse Pós Traumático é necessário selecionar qual o tema que iremos abordar, para focar no contéudo, dinâmica de como ocorre (causas) quais as consequências (sintomas) que estão contidas em cada situação de violência.
Tem sido uma constante em minha atuação clínica como Psicóloga o atendimento de pacientes Vítimas de Violência.
Independente da idade da pessoa, os traumas que ela traz são sempre atualizados, não importando quando tenham ocorrido. As sensações permanecem nas memórias do corpo como energia residual traumática.
Para o restabelecimento da autorregulação do indivíduo é necessário que se faça a elaboração dessa energia residual traumática, com a utilização da SE-Somatic Experiencing, que nos permite transformar essa energia em conforto e bem estar devolvendo a tranquilidade à todo aquele que busca o equilíbrio para enfrentar as vicissitudes do dia a dia.
Violência é o ato de violar a integridade de alguém, submetendo-o, através da força ou coação, a constrangimento físico ou moral.
Podemos falar sobre alguns tipos de violência como se segue:
Violência Física
é quando o uso da força ou atos de omissão praticados pelos pais, responsáveis ou outros, tem o objetivo claro ou não de ferir, deixando ou não marcas evidentes. São comuns murros e tapas, agressões com diversos objetos e queimaduras causadas por objetos ou líquidos quentes.
Violência Psicológica
rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito e punições exageradas são formas comuns desse tipo de agressão, que não deixa marcas visíveis, mas marca por toda a vida.
Negligência
é o ato de omissão do responsável pela criança ou adolescente em prover as necessidades básicas para seu desenvolvimento.Violência Sexual: é quando a criança ou adolescente é usado para gratificação sexual de um adulto, sendo induzida ou forçada a práticas sexuais com ou sem violência física.
Assédio Moral
Também se encaixa aqui, por começar muitas vezes como forma de abuso de poder.
Enfim, a violência no cotidiano começa muitas vezes como uma simples falta de respeito, uma mentira ou uma manipulação. Se essas condutas não forem reprimidas, trarão consequências graves sobre a saúde psicológica das vítimas.
Nas crianças abusadas durante a primeira infância o maior prejuízo pode ocorrer no seu desenvolvimento de personalidade. A primeira infância é fundamental para a estruturação de caráter da mesma.Tudo o que acontece de bom ou de mal para a criança, determinará o adulto de amanhã.
À medida em que os traumas acontecem, eles vão se acumulando no corpo da pessoa através do tempo, como memórias dentro das células como se fossem um grande arquivo da história de vida de cada um. Essas memórias enquanto resíduos energéticos dos traumas, vão desestabilizando o equilíbrio daquele que uma vez congelado diante de uma experiência avassaladora, terá sempre a mesma reação quando solicitado novamente a enfrentar qualquer ameaça a sua sobrevivência, seja ela de ordem física ou psíquica.
Vale lembrar e esclarecer que uma experiência só se torna traumática sempre que ocorre algo súbito, imprevisível e ameaçador à nossa sobrevivência, levando-nos a experimentar sentimentos de incompetência e desamparo. O ser humano só se traumatiza quando não consegue lutar nem fugir,diante de uma situação de ameaça à sua integridade física ou psicológica, ele congela. No congelamento a pessoa não consegue reagir para se defender da ameaça, ele paralisa.
Sabemos que todo trauma é uma violação. Uma violação na forma de uma invasão de nossos espaços mais profundos, mais pessoais e internamente mais sagrados. É uma ruptura de nossos limites pessoais, emocionais, sexuais e energéticos. É também um sentimento de uma inexplicável vergonha e culpa, de não ser capaz de formar relacionamentos profundos e com segurança, e no íntimo, sentir-se congelado e fechado ou sentir-se inundado por emoções como, ódio, raiva, medo e terror. É um sentimento de total devastação.
Para tratar alguém que sofreu algum tipo de violência, o primeiro passo é tentar
identificar o tipo de abuso sofrido. A identificação da violência sofrida será determinante para a condução do tratamento por parte do terapeuta ao atuar com SE.
Conseguimos visualizar e conhecer o nível de traumas sofridos pela pessoa, quando conhecemos a dinâmica de seus relacionamentos interpessoais. Uma vez identificada e existência de traumas por trás de sintomas que prejudicam o desempenho do sujeito diante dos desafios da vida, podemos com certeza lançar mão do trabalho com a Técnica de SE-Somatic Experiencing para trazer de volta a saúde física e psíquica do indivíduo devolvendo a ele o prazer de viver aumentando a sua capacidade de restaurar as suas defesas criando o que chamamos de Resiliência.
(*) – Psicóloga /CRP. 15.155-5 – Diretora Presidente da Associação Brasileira do Trauma.
O combate à violência contra crianças e adolescentes: uma responsabilidade de todos nós
(*) – Thaís Dantas
Os dados sobre a violência contra crianças e adolescentes no Brasil são alarmantes: há cerca de 29 assassinatos por dia, a cada dois dias um bebê sofre violência sexual, em um ano mais de 76 mil denúncias foram registradas
A despeito disso, o país tem uma das melhores legislações do mundo destinada a proteger a infância e a adolescência: nossa Constituição estabelece que crianças e adolescentes são a prioridade absoluta da nação, colocando-os inclusive a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, e o Estatuto da Criança e do Adolescente traz previsões para operacionalizar essa garantia. A pergunta que fica é: o que falta para superarmos tal violência?
Embora a violência física seja a mais facilmente perceptível, esse fenômeno pode ocorrer em diferentes formas – institucional, psicológica, sexual – e em diferentes contextos, do círculo familiar à internet . O que têm em comum é o fato de que toda violência é uma violação ao direito da criança e do adolescente, que pode gerar impactos danosos à vida do indivíduo, especialmente tendo em vista sua condição especial de desenvolvimento.
Ainda, vale destacar que a violência se constrói ciclicamente e, muitas vezes, começa na família. A título de exemplo, 53% dos casos denunciados ocorreram na casa da vítima e em 66% dos casos de violência contra a mulher, os filhos presenciam as agressões . Essa situação gera danos graves: além da tendência de reproduzir o que é observado em casa, pode acarretar problemas emocionais, psicossociais e cognitivos .
No próximo mês de novembro, será celebrado o Dia Mundial de Combate ao Abuso Infantil. Trata-se de uma data importante para dar visibilidade à urgência do tema, mas é preciso ter em mente que a superação da violência deve ser um esforço diário e que a responsabilidade é compartilhada por todas e todos: poder público, família e sociedade em geral. Assim, é fundamental conhecer os mecanismos de combate à violência contra crianças e adolescentes.
Nesse sentido, estão legalmente previstas iniciativas voltadas à prevenção e redução da violência contra crianças e adolescentes . Exemplo paradigmático é a Lei Menino Bernardo, que trata do direito de ser educado e cuidado sem o uso de castigos físicos e de tratamento cruel ou degradante, prevendo medidas como campanhas educativas, capacitação de profissionais, diálogo intersetorial, dentre outras. Para além disso, são tipificadas penalmente as condutas que representam violação à integridade física e dignidade sexual. Mas, para que as leis se efetivem, é preciso agir.
Assim, o primeiro passo é cobrar para que o poder público assegure serviços e políticas nessa área, que tenham orçamento suficiente, como inclusive é garantido pela já citada norma da prioridade absoluta. Ainda, as famílias devem ser apoiadas e conscientizadas sobre seu papel de cuidado e referência, a fim de garantir um ambiente capaz de assegurar o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes. Por fim, é preciso ter em mente que é dever de todos nós não naturalizar a violência e não silenciar perante a agressão. Para tanto, é possível recorrer aos órgãos competentes, como Conselhos Tutelares, Defensorias Públicas, Ministérios Públicos e Tribunais de Justiça, ou ainda contatar o Disque 100, um canal vinculado ao Ministério de Direitos Humanos e voltado ao recebimento e encaminhamento de denúncias.
Também nessa linha, de facilitar ações em prol da infância e da adolescência, o Instituto Alana criou o Prioridade Absoluta, um programa voltado a informar, sensibilizar e mobilizar pessoas na defesa prioritária das crianças, por meio da divulgação de seus direitos e da produção de conteúdo com orientações sobre como agir em casos de violação. Saiba mais em prioridadeabsoluta.org.br e faça da infância a sua prioridade! É somente com a união de esforços e mobilização social que teremos um país que, verdadeiramente, coloca crianças e adolescentes em primeiro lugar.
(*) – Thaís Nascimento Dantas é graduada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), advogada do programa Prioridade Absoluta do Instituto Alana e conselheira do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda).