Marcia Ramazzini (*)
Segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária, os acidentes são causados por três fatores: via, veículo e ser humano.
Foi sancionada em 8 de julho, pelo Presidente da República em exercício, Michel Temer, uma nova lei que obriga os veículos a trafegarem em rodovias com faróis baixos ligados. O não cumprimento pode acarretar multa no valor R$85,13 e quatro pontos na carteira. No início houve resistência, o que é normal, pois as pessoas não gostam de mudanças. Passados 45 dias, o assunto foi esquecido e não se fala mais sobre esse assunto. Mas afinal de contas, para que serve essa medida?
Engana-se quem pensa que a nova lei foi criada apenas, para aumentar as notificações e multas de trânsito. O simples fato do veículo trafegar com a luz acesa aumenta a visualização do condutor em três quilômetros na reta, além disso, funciona como um alerta para pedestres e ciclistas, de prováveis situações de risco, e, consequentemente, reduzindo os números de acidentes.
Em alguns estados americanos, europeus e no Canadá ao ligar a ignição do veículo, a luz do farol, acende automaticamente, por meio, de um dispositivo que já vem de fábrica, o Daytime Running Lights (DRL), um farol adicional com uma luz de intensidade inferior ao farol baixo, que minimiza o consumo de energia do veículo, preservando o balanceamento energético.
Na Dinamarca esse item ajudou na redução de 10% dos acidentes com vítimas e houve queda de 37% de acidentes com conversão à esquerda. Em nosso país, o DRL já é aceito e registrado na Lei 13.290/2016. Os proprietários de veículos sem essa tecnologia podem fazer a instalação, atendendo o padrão INMETRO.
Os acidentes de trânsito tornaram-se um grave problema de saúde pública no mundo. A estimativa é de um milhão de óbitos e cinquenta milhões de acidentes com traumas e lesões. Em 2013 o gasto do SUS com acidentes, foi de duzentos e trinta milhões com internações. Mundialmente os números de acidentes de transportes terrestres (ATT) são absurdos, fazendo com que a ONU, instituísse a Década Mundial de Ações para a Segurança no Trânsito, que compreende de 2011 a 2020.
O IPEA estima que o custo seja de R$30 bilhões ao ano. Portanto, andar com farol aceso é uma ação simples que pode resultar numa redução de 10% nos acidentes de trânsito. O que devemos sempre lembrar é que o acidente, além dos danos emocionais, causa prejuízo referentes a perda de produção, interrupção das atividades, seguido de custos de saúde, até o óbito.
O Fator Via é responsável por 5% devido estradas mal projetadas, à má conservação, falta de sinalização e de acostamento, falta de passarelas para a travessia de pedestres, ocasionando acidentes e atropelamentos. Fator veículo é 5%, ocasionado por falta de manutenção preventiva e corretiva, falhas no veículo, sendo de responsabilidade do condutor. Fator Humano: corresponde a 90% dirigir alcoolizado, ultrapassagens inadequadas e alta velocidade. Para a OMS, os acidentes causados por fatores humanos são considerados evitáveis.
Na expectativa de minimizar esse problema, o Denatran realizará de 18 a 25 de setembro a Semana do Trânsito, cujo o lema será, “Eu sou +1 por um transito + seguro”. O trabalho será focado nas ações de conscientização para todos os integrantes do trânsito: pedestres, motociclistas, ciclistas, passageiros e condutores. O que devemos sempre lembrar é que toda a sociedade deve estar atenta ao trânsito, pois todos nós pagamos por isso.
Reduzir acidentes de trânsito é uma questão de conscientização e educação além, de ser uma questão de cidadania.
(*) – Engenheira civil pela PUC Campinas, segurança do trabalho e meio ambiente e mestranda em Saúde Ocupacional, pela Unicamp, com especializações em Riscos Industriais e Construção Civil pela Occupational Safety Health Administration, é diretora da Ramazzini Engenharia.