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Um dia descobrimos

em Opinião
sexta-feira, 06 de maio de 2016

Mario Enzio (*)

É assim que se chega ao conhecimento e à maturidade de uma nação, não se deixando enganar e continuar tentando escolher os melhores na hora certa.

Há quem não queira ler jornais ou ver e escutar as notícias, pois se dizem insatisfeitos com o que políticos ficam falando uns dos outros. Mais do que isso, com a facilidade que nos oferece a internet e o acesso a reportagens antigas, conseguimos relembrar o que esses mesmos políticos de hoje falavam de seus aliados ou de seus desafetos em tempos atrás. Isso deixa um observador que esteja mais ligado a pensar quem tem capacidade de nos governar.

Pois é assim a vida na política, dirá alguém mais experiente, que forma e forja seus líderes ao longo de um tempo. E, por vezes, precisamos de muitos anos para modificar o mínimo necessário. Temos visto que as propostas que nos falavam de vinte ou trinta anos atrás, ainda não passaram de promessas. Um otimista dirá que houve melhoras. Por certo.

Mas, fica sempre latente esse descaso em momentos críticos com a vida da população que deixa o cidadão comum insatisfeito. Como a falta de investimento básico em áreas que já deveriam ter sido resolvidas ou mesmo conservadas. Já o político profissional sem compromisso com essa coisa pública, parece que tem um treino para manter sua condição estável de como e onde está no poder, mesmo se as mudanças não tenham sido feitas por ele.

Ele se preocupa no seu discurso e nas desculpas de como justificar o não ato. E se for atacado saberá revidar. Nem que para isso invente e tente definir novos conceitos com suas palavras. Se num dia a situação está difícil de aguentar, ele pensa: – “quem sabe se deixar de falar essa situação pode mudar”?

Seria como deixar que os ânimos esfriassem. Deixar que as emoções, consideradas molas motivadoras, fiquem mais aceitáveis. Como falar absurdos sobre o que um pensa do outro. Seja como for, faz parte de quem se enveredar pelos caminhos da arte da política o uso de palavras chaves para mostrar indignação que nem sempre esteja acompanhada da razão. É a arte de chamar seu colega de outro partido de ladrão, malandro, embusteiro, golpista, despreparado, ignorante, incapaz, desonesto, corrupto.

Isso para ficarmos com palavras publicáveis e para não preencher esse espaço com adjetivos que normalmente qualifiquem os políticos que eventualmente sejam encontrados por esse mundinho a fora.

Sendo coerente aonde se quer chegar e nunca sabendo o que uma classe de políticos quer, pois só ele sabe de seus interesses, o seu discurso será voltado para o que melhor pode ser atacado ou que opinião deverá ou não ser dada no dia de hoje.

Em qualquer desses cenários políticos sempre se exige cautela e paciência, pois nunca se sabe com quem estaremos nos coligando daqui a algum tempo. Por isso, todo esse palavreado é sempre acompanhado de uma explicação por quem ataca: – “trata-se de meu adversário político, não de meu inimigo”.

Alertados pelos manuais de marqueteiros políticos aprendemos a conhecer os que se tornaram sinônimos de falsos, traidores, infiéis e verdadeiramente mentirosos.

(*) – Escritor, Mestre em Direitos Humanos e Doutorando em Direito e Ciências Sociais. Site: (www.marioenzio.com.br).