Maraísa Lima (*)
A tecnologia mudou significativamente a maneira de nos relacionarmos com as pessoas.
Se por um lado temos acesso a todo tipo de conteúdo, por outro, o excesso de canais de comunicação disponíveis nos afastam delas. Com isso, as relações humanas de qualidade, baseadas no olhar, no ouvir e em compreender o outro, estão cada vez mais raras.
Nesse contexto, se buscamos um contato “tête-à-tête”, uma aproximação com o nosso interlocutor, por meio da comunicação interpessoal, precisamos dispor de ferramentas para criar uma conexão com ele. A empatia é um desses recursos capazes de transformar a maneira como nos relacionamos, uma vez que o conceito é definido, em linhas gerais, como a capacidade de nos colocar no lugar do outro.
Stephen R. Covey, escritor estadunidense mundialmente conhecido pelo best-seller “Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”, afirma que “a empatia é a forma mais rápida de comunicação”. Isso por que, ao criar uma conexão verdadeira com o seu interlocutor, cria-se confiança no relacionamento. E, para a FranklinCovey, empresa de consultoria fundada pelo autor, confiar nas relações que estabelecemos traz ganhos reais para as organizações.
Mas, na prática, como desenvolver a empatia? Primeiro, precisamos ter a intenção e a persistência de ouvir genuinamente. Esvaziar a mente, não buscar respostas autobiográficas, nem conselhos são atitudes essenciais. Em seguida, devemos identificar as emoções da pessoa por meio de suas palavras, gestos e fisionomias.
Depois, para criar a verdadeira conexão com seu interlocutor ao se comunicar, reflita de maneira respeitosa sobre seus sentimentos e palavras. Por exemplo, se um colaborador reclama ao gerente que está se sentindo frustrado por determinada situação, o líder com uma postura empática poderia dizer: “Vejo que você está se sentindo frustrado…” Ao perceber o discurso do gerente, o colaborador sentirá que está sendo ouvido em suas queixas.
Mas atenção! A empatia não precisa ser utilizada apenas em situações ruins. Geralmente, o recurso é bem-vindo na mediação de conflitos, mas também serve para gerar bons momentos. Vejamos outro exemplo. Você está disposto a ter uma boa conversa com a sua avó de 90 anos. Reserva tempo e a ouve atentamente enquanto relembra bons momentos que viveu quando era jovem.
Em determinados momentos, você diz: “Vó, percebo como se sente feliz ao recordar esse tempo”. O resultado é que os dois conseguiram criar um vínculo emocional forte nesse tipo de relação interpessoal e a empatia foi a ferramenta que trouxe esse efeito.
Mais um detalhe: ser empático é diferente de ser simpático e apenas dizer aquilo que as pessoas querem ouvir. Ou seja, ao ser empático nos comprometemos a ouvir, respeitar, compreender e refletir sentimentos e palavras do outro. Isso não quer dizer que tenhamos que concordar com a opinião das pessoas, mas que temos disposição em ouvi-las sob a sua perspectiva. Quando somos simpáticos, queremos realçar o lado bom das coisas, geralmente são usadas “muletas” linguísticas como a famosa expressão “pelo menos”.
Veja: A pessoa acaba de ser demitida e quer desabafar. Para ser simpático você diz, “pelo menos você tem o seguro desemprego!”. Além de não aliviar o sentimento em relação àquele momento difícil, a postura “simpática” seguramente caminha na contramão da boa comunicação interpessoal!
(*) – É jornalista, especialista em Marketing, Comunicação Empresarial e professora do curso de aperfeiçoamento profissional “Comunicação Organizacional para Liderança Assertiva” no Instituto de Pós-Graduação e Graduação (www.ipog.edu.br).