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Ownership: como despertar o sentimento de dono dentro das empresas

em Opinião
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Dalton Morishita (*)

O conceito de ownership, que pode ser traduzido como “sentimento de dono”, é uma habilidade comportamental que tem se tornado requisito em muitos processos seletivos.

Os profissionais que possuem essa característica em sua personalidade acabam tendo mais oportunidades de crescimento de carreira, afinal, aqueles que se dedicam ao negócio com o empenho de um empreendedor, no médio e longo prazo, acabam se tornando os líderes de alta gestão da empresa.

É claro que o sentimento de propriedade é algo intrínseco à personalidade de algumas pessoas. Mas, podemos estimular essa característica quando estamos trabalhando em uma empresa que amamos, naqueles ambientes que ressoam com o nosso propósito pessoal e que temos afinidade com a cultura e valores. À medida que acreditamos na empresa para a qual trabalhamos, podemos influenciar nosso comportamento e adquirir essa habilidade.

Quero propor uma análise sobre o perfil de empreendedor e, a partir disso, sugerir atitudes que podem ser agregadas ao perfil profissional. Afinal de contas, empreendedor não é só aquele que abre uma empresa. Por exemplo, a iniciativa para implementar mudanças é algo próprio de um empreendedor que pode ser adicionado ao perfil de qualquer profissional. Outros exemplos são: atitude para tomar riscos de maneira controlada, resiliência, visão sistêmica e de longo prazo, espírito criativo, olhar voltado para inovação, experimentação, responsabilização perante os resultados, entre outros.

Dessas habilidades citadas, todas se encaixam no perfil profissional de uma pessoa que tem esse sentimento de dono. Meu principal conselho para aqueles que desejam desenvolver esse conceito ownership é investir primeiro em sua capacidade de se responsabilizar pelos resultados de sua equipe, ou seja, assumir os riscos de uma mudança operacional e estratégica em prol de realizar um projeto ou tarefa, com recursos diferentes e de maneiras diversas.

Outra habilidade precisa ser a experimentação, não ter medo de errar e construir melhorias em cima dos erros/acertos que acontecem ao longo do processo. Ter esse olhar incremental para as ideias. A zona de conforto certamente é o principal inimigo de todos os profissionais que desejam crescer na carreira. Elas nos mantém “confortáveis” e relaxados, enquanto o que realmente precisamos para alcançar novos objetivos é um estado de relativa ansiedade, estresse e incomodo. Por fim, a resiliência, ou seja, esse olhar humano e empático que precisamos ter para lidar com as adversidades, conflitos e com um ambiente de pressão.

Certamente, o departamento de recursos humanos pode agir para criar um ambiente propício para que o ownership aflore nos profissionais. Contudo, as pessoas são as principais responsáveis por desenvolver essa habilidade comportamental, enquanto o líder imediato e o RH são apenas coadjuvantes nesse processo. Os profissionais que possuem esse sentimento de dono em sua personalidade não gostam de serem mandados, eles almejam autonomia, liberdade para criar, arriscar e errar. São pessoas que trabalham bem orientados para o resultado e não para a operação.

Um fator crucial é recrutar pessoas que têm aderência com a cultura organizacional. Afinal, não adianta ter todas as características citadas e outras tantas, se o profissional não se identificar com a cultura e com os valores da organização. Aqueles que se encaixam nesse perfil comportamental, que já trabalham em empresas as quais admiram e que encontram na organização uma maneira de realizar e exercer seu propósito pessoal, possuem muito mais chances de se tornarem os líderes de alta gestão das empresas que amam.

E você, está pronto para desenvolver seu perfil de dono no seu trabalho?

(*) – Graduado em administração de empresas, com especialização em Business pela Australian Professional Skills Institute, é headhunter na Trend Recruitment.