Cristiano Parente (*)
O sedentarismo é um sério fator de risco, já que o corpo não foi feito para ficar parado. Essa é uma tese reforçada por uma série de estudos e experiências realizadas por diversas universidades e profissionais pelo mundo.
O mais recente levantamento publicado pelo Ministério do Esporte indicou que 45,9% dos brasileiros são sedentários. A pesquisa ‘Diagnóstico Nacional do Esporte’ apontou que o problema é mais comum entre as mulheres, grupo no qual o índice chega a 50,4%, enquanto entre os homens é 41,2%. Ainda segundo a pesquisa, 25,6% dos entrevistados praticam atividades esportivas e 28,5%, atividades físicas, como caminhada. Entre os homens, a prática de esportes supera a de atividades físicas, com 35,9% contra 22,9%. Já as mulheres praticam mais atividades (34%) do que esportes (15,6%).
A grande responsável por as pessoas não fazerem atividade física e não entenderem essa necessidade é a falta de informação. Nosso corpo tem uma compleição e um tamanho que são compatíveis com um esforço muito maior do que o feito hoje em dia. Sem ele, há um acúmulo de energia com excesso de alimentação e um desgaste das estruturas ósseas e musculares porque elas não são exigidas na medida ideal para funcionar de modo saudável.
E a tendência é que o organismo se enfraqueça tanto nas partes musculares e ósseas quanto no funcionamento de órgãos como o coração e as artérias. Sem movimento e exercício, o corpo tende a atrofiar, ficar doente, inflamar e ter dores. O acesso a esse tipo de informação deveria vir na educação física escolar, que, infelizmente, não é vista com a devida importância. As aulas acabam sendo momentos de recreação na escola e não de aprendizado de conceitos sobre movimentos, corpo, saúde e a relevância que eles têm para a vida.
Ainda há profissionais que acreditam que estão ensinando alguma modalidade dentro da aula, mas a grande verdade é que quando se entende um pouco sobre processos de aprendizagem, desenvolvimento e controle motor, fica claro que em uma aula de 45 minutos, com 40 crianças juntas e um único professor, é praticamente impossível ensinar alguma habilidade, ainda mais relacionadas a jogos esportivos, que envolvem interação espaço-temporal e uma série de variáveis que fogem totalmente do controle.
Não há problema em a criança se movimentar na educação física escolar. Porém, ela primeiro deve entender como o seu corpo funciona, qual é a necessidade de se movimentar, como se regula uma intensidade para o movimento e como desenvolver suas habilidades de maneira eficiente para jogar melhor nos momentos de lazer, etc. Se as crianças entendessem isso desde pequenas, elas cresceriam com a ideia de que o corpo precisa fazer algum movimento mais intenso todos os dias. Assim evitariam ter corpos mais fracos, com maior tendência de adoecer e com mais rapidez e facilidade para o envelhecimento.
Agora, que temos uma grande quantidade de adultos que já passaram pela escola, é responsabilidade dos profissionais de educação física transformarem essas importantes informações em uma linguagem acessível, que façam as pessoas mudarem seus comportamentos e mostre o que realmente é importante em relação à prática de exercícios. Não adianta falar para as pessoas que exercício faz bem. É dizer como e porque faz bem, de uma maneira que ela também compreenda o que acontece quando fica sedentária. Quem consegue somar cerca de 15 a 30 minutos de atividade física diária conquista um corpo mais saudável e chega a prolongar a vida por mais três ou quatro anos!
A atividade física só traz reflexos positivos. Qualquer tipo de atividade que englobe um esforço maior terá como resultado uma musculatura mais forte, uma melhor circulação do sangue e um maior consumo de energia. O que resulta em uma série de benefícios para a saúde ao longo da vida. O ideal é começar já, seja qual for a sua atividade preferida, e dar um fim ao sedentarismo.
(*) – É o atual melhor personal trainer do mundo, eleito em concurso internacional promovido pela Life Fitness. É também professor de educação física, com graduações pela USP. É palestrante e sócio-diretor da Koatch Academia.